Por Eugênio Neto, fundador e CEO da Neto Eventos.
O setor de eventos passa por uma crise que vai na contramão da realidade nacional: sobram vagas de trabalho, e faltam profissionais para preenchê-las. Talvez esta seja a maior janela de oportunidades que já presenciei nos quase 30 anos em que atuo no ramo.
Segundo o Radar Econômico da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE), com base em dados do IBGE e do Ministério do Trabalho, o setor de eventos culturais e de entretenimento cresceu 4,6% no PIB acumulado até o 1º trimestre de 2025, acima da média nacional de 3,5%. O setor de eventos corporativos também vem mostrando crescimento significativo em 2025, com um aumento de 4,7% nos eventos realizados em comparação com 2024, de acordo com dados do Facebook e Panrotas. E, como consequência direta dessa expansão de mercado, aumenta a demanda por profissionais, um dos maiores gargalos do setor atualmente.
Um dos motivos do “boom” no setor de eventos ainda reverbera da pandemia, cuja paralisação total gerou demanda reprimida e o alavancamento da realização de projetos nos últimos anos. A Neto Eventos acompanhou essa onda de crescimento e, por consequência, há pelo menos três anos, temos sempre alguma vaga em aberto para o quadro de colaboradores. Nunca conseguimos suprir 100% a nossa necessidade de funcionários. E esta é uma realidade geral: ouço a mesma reclamação de contratantes das mais variadas frentes de trabalho necessárias para a realização de um evento.
Ainda segundo dados do Radar Econômico da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE), a atividade de organização de eventos mais que dobrou: passou de 47 mil para 109 mil vagas, um crescimento de 130,7%. E, dobrando o número de produtores, proporcionalmente aumenta também a necessidade de diversos profissionais para executarem os projetos.
E onde estão as pessoas aptas a preencher essas vagas? Em qualquer lugar, já que qualquer pessoa pode atuar no setor de eventos desde que se especialize em sua área, que pode ser a mais variada possível. Para atender a essa alta demanda de vagas, os candidatos precisam ter, sobretudo, interesse e disposição para aprender. Isso porque as formações internas estão se tornando mais comuns. Na Neto Eventos, mais da metade do quadro de 40 funcionários foi garimpada e lapidada entre os talentos que já estavam dentro da empresa, com casos de colaboradores que começaram como montadores e hoje atuam em áreas técnicas complexas depois de treinamento interno.
Vemos, então, que, para sanar uma das maiores dores do setor de eventos atualmente — a falta de mão de obra —, os atores deste mercado precisam investir em capacitação, na aposta em transições de carreira e no estímulo para que pessoas conheçam as opções e se sintam aptas a atuar no setor. Assim como lançaremos a Neto Academy ainda em 2025 para formar nossos profissionais, sugerimos que o mercado observe este movimento e, em vez de procurar, forme seus próprios colaboradores.
