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Offshores: o salto estratégico para startups que querem escalar

Foto: divulgação

O ecossistema de startups no Brasil amadureceu, investidores mais criteriosos, empreendedores mais preparados e rodadas mais complexas. Nesse contexto, uma dúvida aparece com frequência nas mentorias, consultorias estratégicas e reuniões com fundadores: “Devo montar uma offshore?”

Se há alguns anos essa pergunta vinha acompanhada de um certo receio, hoje ela já surge com clareza. Afinal, não se trata mais de fugir da burocracia brasileira, mas de destravar escala, atrair capital e competir globalmente com inteligência jurídica e reputacional.

O cenário de 2025: o mundo se reorganiza, e o Brasil precisa acompanhar

Nos meses de junho e julho de 2025, o mercado internacional apresentou sinais claros de abertura ao capital estrangeiro, com destaque para o aumento nas captações offshore de empresas em bolsas internacionais, que superaram os US$ 3,3 bilhões apenas no primeiro semestre. Esse movimento reforça uma tendência de flexibilização regulatória e maior integração entre mercados globais.

Enquanto isso, o Brasil caminha em direção oposta ao elevar o IOF sobre operações de investimentos e remessas internacionais. A medida gerou preocupação entre empreendedores brasileiros e estrangeiros que mantêm estruturas no país ou operam com fluxos de capital transnacional, tanto para envio quanto para recebimento de recursos.

Por que estruturar uma offshore deixou de ser tabu?

Ainda existe uma associação equivocada entre offshore e sonegação, mas, no universo das startups, offshores são ferramentas legítimas e cada vez mais essenciais, veja por quê:

  • Captação internacional: fundos de fora geralmente não investem diretamente em CNPJs brasileiros, porque preferem estruturas em Delaware, Ilhas Cayman ou Singapura, por exemplo.
  • Governança global: montar uma estrutura internacional bem planejada demonstra maturidade jurídica e fortalece a reputação da startup.
  • Planejamento tributário legítimo: com apoio técnico, é possível otimizar tributos sem cair na ilegalidade. A palavra-chave é: compliance.
  • Facilidade para expansão: uma offshore pode ser a ponte para abrir subsidiárias operacionais em outros países, fazer parcerias e até preparar um IPO lá fora.

Mas atenção: nem toda offshore é estratégica

Montar uma empresa no exterior exige muito mais do que pagar uma taxa em um site e algumas perguntas precisam ser respondidas com clareza:

  • Qual é o objetivo da estrutura? Receber investimento? Escalar vendas? Abrir um braço internacional?
  • Qual é o melhor país para isso? Delaware ainda é o estado norte-americano queridinho dos investidores, mas Cayman, Holanda, Portugal e até o México têm ganhado espaço, a depender do modelo de negócio.
  • Como manter o compliance? É fundamental ter relatórios em dia, auditoria, governança e transparência com investidores, parceiros e órgãos reguladores.

O passo a passo para startups que querem escalar com uma offshore

  1. Diagnóstico jurídico e financeiro
    Antes de tudo, entenda onde sua startup está, para onde quer ir e o que precisa destravar.
  2. Escolha da jurisdição com base no objetivo
    A estrutura não pode ser genérica. Startups com foco em captação devem mirar em jurisdições com reconhecimento do mercado de venture capital.
  3. Montagem da estrutura com governança desde o início
    Cap table claro, contratos bem definidos e um bom acordo de sócios fazem toda a diferença para o investidor enxergar robustez.
  4. Compliance contínuo
    Transparência fiscal, relatórios financeiros e aderência a normas internacionais blindam a reputação da operação.
  5. Posicionamento global
    Mais do que estar no exterior, é preciso comunicar isso de forma estratégica, mostrando que a estrutura é uma ponte para o crescimento, não uma brecha regulatória.

O momento exige inteligência jurídica e reputacional

No ritmo atual da economia global, startups que desejam atrair capital, internacionalizar sua operação ou ganhar espaço competitivo no exterior precisam olhar para offshores como parte da estratégia e não como um atalho.

Enquanto isso, o mundo gira, e fundos internacionais voltam a mirar América Latina e os investidores globais estão atentos às soluções climáticas e ESG, com rodadas internacionais exigindo estruturas seguras.

O desafio não é mais sair do Brasil. É escalar com estratégia.

Se você é founder e está pensando em dar esse passo, lembre-se: uma offshore só faz sentido se ela te leva mais longe com solidez, transparência e preparo.

A internacionalização exige coragem, mas principalmente estrutura, e para isso, a assessoria certa faz toda a diferença.

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Co-fundador da Flow Vista

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