Por Roberto Vilela, consultor empresarial, estrategista de negócios, escritor e palestrante.
Em muitas conversas dentro das empresas, o protagonismo aparece como um conceito admirado, mas nem sempre compreendido em sua profundidade. Há quem o associe a uma postura de liderança formal, outros o veem como sinônimo de iniciativa. Na prática, trata-se de algo mais sutil e, ao mesmo tempo, mais decisivo: o reconhecimento, por parte de cada profissional, de que há um espaço legítimo para influenciar os rumos da própria trajetória e da organização da qual faz parte.
É comum que as pessoas esperem o momento certo para agir. Aguardam condições ideais, sinalizações externas, uma validação que nem sempre vem. Mas a experiência mostra que quem assume o papel de protagonista não espera o cenário se alinhar, mas atua para alinhar-se ao cenário e transformá-lo. Essa é, talvez, a diferença mais marcante entre quem conduz e quem apenas acompanha.
Nas empresas e na vida pessoal de cada indivíduo, o protagonismo se manifesta em pequenas atitudes. Na forma como se encara um problema, na maneira como se busca uma solução, no compromisso com os resultados, mesmo quando a responsabilidade formal não é só dele.
Essa postura, no entanto, exige coragem. Não apenas para tomar decisões, mas para lidar com as consequências delas. Ao assumir o protagonismo, coloca-se em evidência. E isso, inevitavelmente, traz consigo uma dose maior de cobrança, de riscos e de exposição. Por essa razão, não é incomum que o medo de errar ou de se indispor com o entorno iniba a manifestação do potencial de muitos talentos.
Nas organizações que valorizam o protagonismo, o desenvolvimento não está restrito aos programas de capacitação. Ele está presente no estímulo à autonomia, na escuta ativa e na clareza sobre os objetivos comuns. Criar um ambiente onde as pessoas se sintam autorizadas a agir é um passo decisivo para que o protagonismo deixe de ser apenas um discurso e se torne parte da cultura.
Mais do que nunca, é fundamental que cada pessoa reflita sobre o papel que tem desempenhado na própria história. Quais decisões têm sido adiadas? Quais hábitos precisam ser revistos? Quais responsabilidades precisam ser, de fato, assumidas?
Protagonismo não é sobre controle absoluto do que acontece. É sobre consciência diante do que se escolhe fazer com o que acontece. E, nesse ponto, tanto os negócios quanto as carreiras têm muito a ganhar.