Por Iza Daiana Wiggers, diretora de operações na NeuroSteps.
Na gestão dos tratamentos para crianças com transtornos do neurodesenvolvimento, como o TEA, o desafio não está apenas em garantir terapias qualificadas, mas em assegurar que todo o processo seja coordenado entre os diversos profissionais e atores que acompanham este paciente.
A jornada percorrida pelas famílias, já carregada de expectativas, pode se tornar mais difícil quando há fragmentação e falta de clareza, o que não é incomum. Relatórios dispersos ou inacessíveis, dificuldade ou mesmo ausência de comunicação entre os profissionais e inexistência de indicadores que permitam acompanhar a real evolução do tratamento são exemplos destas dificuldades, que impactam diretamente a efetividade das terapias e a experiência dos pacientes e familiares.
É neste cenário que a tecnologia se apresenta como fator decisivo e transformador. Plataformas digitais criadas para organizar e qualificar a assistência tornam-se hubs de informação, reunindo dados clínicos, protocolos validados e viabilizando ferramentas de acompanhamento efetivas. Quando se propõe a conectar família, escola, profissionais e gestores em um mesmo ecossistema, a tecnologia cria condições para uma coordenação efetiva do cuidado, que traz benefícios reais para todos os agentes envolvidos.
É muito mais do que digitalizar processos, trata-se de permitir uma gestão e acompanhamento apoiado em dados, e a partir disso, levar mais segurança e confiabilidade para o circuito como um todo.
Para as operadoras de saúde, isso se traduz na melhor utilização dos recursos, sustentabilidade e rastreabilidade. Para os profissionais, em planos terapêuticos claros e mais eficiência operacional, com drástica redução do tempo com demandas administrativas, permitindo maior foco na assistência aos pacientes. Para as famílias, empoderamento, confiança e transparência, gerando a tranquilidade de que há um caminho estruturado e contínuo de evolução sendo percorrido, cujas pontas estão interligadas.
A saúde precisa ser híbrida: combinando práticas clínicas humanizadas e baseadas em evidências com inteligência de dados. Quanto antes gestores, operadoras e prestadores de serviços compreenderem que tecnologia é aliada estratégica — e não acessório ou custo —, mais próximos estaremos de oferecer jornadas terapêuticas integradas, mensuráveis e, sobretudo, transformadoras.