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Quando o mar ensina sobre negócios

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Foto: divulgação

Na última quarta-feira, o mar me lembrou que experiência não significa controle. Velejo de kite há mais de oito anos, e ainda assim vivi uma das situações mais delicadas que já enfrentei no mar. Tudo começou com um gesto simples: ajudar um amigo que havia perdido sua prancha. Encontrei a dele, mas no processo acabei me distanciando do grupo e, ironicamente, perdi a minha.

Após ajudar um amigo que havia perdido a prancha, acabei me distanciando do grupo. Nesse momento, eu mesmo acabei perdendo a minha prancha. Pedi ajuda a um instrutor desconhecido que, mesmo finalizando uma aula, me emprestou a dele para que eu pudesse resgatar a minha. Mas, ao avistar minha prancha e manter o foco nela para que não se afastasse novamente, não percebi que me aproximava de um curral de peixes, fiquei preso e, no esforço de me soltar, acabei perdendo as duas pranchas.

Minutos depois, outro velejador — novamente um desconhecido — se aproximou, percebeu que eu estava em auto resgate e ofereceu ajuda. Ele conseguiu recuperar a prancha emprestada, mas não a minha. Dias depois, já em outra praia, um amigo me contou que haviam encontrado a minha prancha e publicado em um grupo de achados e perdidos. Ali estava ela, de volta.

Essa experiência me trouxe algumas lições que vão muito além do mar:

1. Esteja preparado para o inesperado

Velejo há mais de oito anos. Foi meu segundo acidente no mar e o primeiro em que precisei usar o auto resgate. Muitas pessoas aprendem a velejar, mas esquecem de aprender as técnicas de segurança. No mundo dos negócios, é igual: muitos constroem planos perfeitos, mas poucos se preparam para crises inevitáveis. E é justamente nessa hora que o preparo faz toda a diferença.

2. A força da comunidade

No mar, ninguém está sozinho. Mesmo desconhecidos se ajudam, porque todos sabem que os riscos existem. Nos negócios, não é diferente: nenhuma empresa cresce sozinha. Parcerias e conexões genuínas são o que sustentam o crescimento e garantem que todos sigam em segurança.

3. Saber pedir ajuda

Se eu tivesse insistido em resolver tudo sozinho, poderia ter colocado em risco não apenas a prancha, mas a mim mesmo. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas de maturidade. O mesmo vale para líderes e executivos: reconhecer limites é o primeiro passo para encontrar soluções e garantir sua saúde mental e bem-estar.

4. Soltar o controle

Por mais experiência que se tenha, o mar sempre vai nos lembrar que não controlamos tudo. Às vezes, a corrente leva para longe, o vento muda, a prancha some. No trabalho, também é assim. O segredo não é controlar cada detalhe, mas aprender a lidar com o imprevisível sem perder o equilíbrio.

Recuperar minha prancha dias depois foi quase simbólico. É como se o mar tivesse me lembrado que nem tudo se perde para sempre. Que às vezes é preciso confiar no tempo, na corrente e nas pessoas.

No fim das contas, o mar me ensinou mais uma vez que negócios, esporte e vida seguem a mesma lógica: ninguém vence sozinho, preparo é essencial, e o que parece perdido pode, com ajuda e paciência, ser encontrado novamente.

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Empreendedor, advisor, investidor, palestrante, entusiasta de atividades outdoor e apaixonado pelo mar desde sempre.

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