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Elas chegaram no board, mas o caminho ainda é mais longo

Foto: Freepik/divulgação.

Por Helena Schröer, sócia do Evermonte Institute.

O caminho até os conselhos de administração no Brasil ainda exige das mulheres um nível mais elevado de preparo, experiência e esforço para alcançar o mesmo reconhecimento de homens na mesma posição.

Alta qualificação

Segundo o estudo Women at the Top, do Evermonte Institute, as mulheres com cadeiras em conselhos têm 49% mais formações e 87% mais certificações do que os homens – muitas obtidas em instituições como Harvard e Berkeley. A qualificação, nesse contexto, não é só ferramenta de trabalho, mas um mecanismo de legitimação. Para serem ouvidas, precisam ser irrepreensíveis.

Bagagem profissional

Essas conselheiras também acumulam, em média, 16 experiências profissionais — cerca de 14% a mais do que seus pares masculinos — e passaram por cargos executivos. Chegam ao board por mérito, reconhecimento e entrega de resultados. Ainda, participam ativamente de redes como o IBGC e o WCD, que ampliam sua visibilidade e networking.

Performance técnica prevalece

O estudo também mostra que a performance técnica está à frente de questões de gênero: homens e mulheres vêm majoritariamente das áreas de Finanças e Negócios. No entanto, a composição dessas origens revela padrões distintos de especialização entre os dois grupos – ao passo que mais de 80% dos perfis masculinos estão concentrados em áreas diretamente associadas à gestão de resultados, controle e eficiência, as mulheres trazem (ainda) bagagens voltadas à governança institucional, gestão de stakeholders e cultura organizacional.

Distribuição setorial e geográfica

Em termos setoriais, a distribuição das mulheres nos boards é mais ampla, com presença forte em serviços (20,8%), serviços financeiros (13,7%), indústria (9,5%), tecnologia (8%), varejo (7,7%) e terceiro setor (5,9%). Em relação à distribuição geográfica, São Paulo é o estado com maior presença feminina: é lá que estão 61% das conselheiras. Santa Catarina é o quinto estado da lista, depois de Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro.

Barreiras estruturais persistem

Esse cenário não é apenas um reflexo da evolução das políticas de diversidade, e tampouco do reconhecimento do valor real de uma governança mais inclusiva. Na verdade, o crescimento da participação das mulheres nos conselhos advém de longos anos de capacitação, construção de credibilidade e atuação consistente em posições executivas. Não é fruto do acaso — é resultado de trajetórias que, apesar dos avanços, ainda enfrentam barreiras estruturais.

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Referência em recrutamento executivo na Região Sul do Brasil, a Evermonte tem como propósito garantir a evolução da governança corporativa por meio do recrutamento de lideranças estratégicas. Com escritórios em Porto Alegre, São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Joinville, o grupo conta com uma equipe de headhunters especialistas, com vasta experiência nas áreas para as quais recrutam. Seus processos seletivos são conduzidos a partir de uma metodologia própria, que inclui a utilização de ferramentas de Inteligência Artificial, people analytics e avaliação cognitiva para garantir os melhores resultados aos seus parceiros.

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