A governança corporativa brasileira passa por transformações importantes, mas ainda mantém características bastante tradicionais. É o que revela a pesquisa Board Trends Brazil, do Evermonte Institute, que apresenta um retrato detalhado da composição, da dinâmica e dos desafios dos conselhos corporativos no país.
Elaborado a partir de entrevistas com 133 profissionais, o estudo mostra que o perfil predominante nos conselhos ainda é o de homens com trajetória em Finanças e idade entre 51 e 60 anos. Realizado entre março e abril de 2025, o levantamento também aponta uma forte concentração geográfica: Sudeste (65,4%) e Sul (53,4%) predominam em termos de mercado de atuação, o que reflete a concentração de conselhos nas regiões com maior poder econômico, enquanto o Nordeste (13,5%) e o Centro-Oeste (10,5%) figuram em terceiro e quarto lugar, respectivamente (o mesmo conselheiro pode atuar em diferentes regiões e, portanto, os resultados referentes às regiões de atuação ultrapassam 100%).
Outro dado relevante diz respeito à renovação: 34,6% dos conselheiros passaram a atuar após 2020, com crescimento da presença de perfis ligados a tecnologia, sustentabilidade e transformação digital. Apesar desse avanço, os conselhos seguem marcados por fortes assimetrias estruturais, como a baixa diversidade de gênero.
A pesquisa revelou que 27,1% dos conselhos da amostra ainda não contam com nenhuma mulher, e apenas 12% possuem entre três e cinco conselheiras. Apesar do crescimento recente — o número de mulheres ingressando em conselhos aumentou 44,4% após 2020 —, a igualdade de oportunidades ainda está longe de ser alcançada. “No ritmo atual, a projeção é de que a equidade de gênero nos conselhos só seja atingida por volta de 2038”, afirma Felipe Ribeiro, sócio-fundador da Evermonte Executive Search. “É um avanço ainda aquém da urgência que o tema exige e distante das metas já assumidas por diversas organizações e mercados”, completa.
Desafios e oportunidades
Do ponto de vista funcional, os conselhos brasileiros se reúnem com frequência: 46,2% realizam entre 9 e 12 reuniões por ano e 48,1% adotam o modelo híbrido. No entanto, 39,8% não utilizam mecanismos formais de avaliação de desempenho, o que representa uma fragilidade importante nos esforços por mais responsabilidade e transparência.
Entre os principais desafios apontados pelos conselheiros estão a transformação digital e inovação (57,1%), a gestão de riscos (57,9%) e os temas ligados à sucessão e desenvolvimento de lideranças (57,9%). Já entre as prioridades estratégicas, destacam-se a melhoria da performance financeira no longo prazo (66,9%) e a integração de inteligência artificial nas operações (56,4%).
Para Felipe Ribeiro, a comparação com mercados mais maduros — que contam com maior diversidade, conselhos mais independentes e estruturas de avaliação mais sólidas — posiciona o Brasil em um estágio intermediário de maturidade institucional.
“A governança no Brasil avança, mas de forma heterogênea: há um movimento relevante de renovação no perfil dos conselheiros, com a incorporação de novas competências, mas ele ocorre em conselhos ainda marcados por baixa diversidade de gênero, concentração geográfica e predominância de perfis oriundos da área financeira”, analisa.
Sobre o Evermonte Institute
Idealizado pela Evermonte Executive Search, o Evermonte Institute concentra seus esforços em pesquisas avançadas e soluções corporativas, unindo os pilares de people analytics e market data a uma visão sistêmica e estratégica de mercado. Com esse enfoque, sua atuação concentra-se no apoio à tomada de decisões e ao desenvolvimento de práticas organizacionais que impulsionam a governança e o crescimento sustentável.
Sobre a Evermonte Executive Search
Referência em recrutamento executivo, a Evermonte tem como propósito garantir a evolução da governança corporativa por meio da identificação e da seleção de lideranças estratégicas. Com escritórios em Porto Alegre, São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Joinville, o grupo conta com uma equipe de headhunters especialistas, com vasta experiência nas áreas para as quais recrutam. Seus processos seletivos são conduzidos a partir de uma metodologia própria, que inclui a utilização de ferramentas de Inteligência Artificial, people analytics e avaliação cognitiva para garantir os melhores resultados aos seus parceiros.
