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Os planos da O2ECO, eleita a startup mais inovadora do Brasil pela KPMG

Foto: divulgação

A O2eco Tecnologia Ambiental, de São José dos Campos (SP), especializada em soluções sustentáveis hídricas, foi escolhida como a vencedora da etapa nacional da premiação Global Tech Innovator 2025, da KPMG

A startup representará o Brasil na disputa global que reúne as startups mais inovadoras do planeta durante o Web Summit, em Lisboa, entre os dias 10 e 13 de novembro.

A cleantech aposta em tecnologias que unem natureza e inovação: de um lado, a bioestimulação natural, que acelera a despoluição da água, de outro, o desaguamento inteligente do lodo, que devolve milhões de litros para reuso e evita emissões de CO₂.

A primeira solução chamada de TWC-O2eco utiliza um substrato inerte, composto por nano minerais naturais, capaz de estimular microrganismos já presentes em rios, lagos e lagoas.

Na prática, o que fazemos é estimular bactérias benéficas que já vivem no meio aquático, acelerando seu crescimento para que consumam os nutrientes em excesso que causam a poluição. Com essas soluções, a O2eco demonstra que inovação, sustentabilidade e valor agregado podem caminhar juntos, oferecendo alternativas de alto impacto ambiental e econômico”, explica o co-fundador e diretor, Luís Fernando Magalhães.

Já a tecnologia Salus, aprofundada pelo pesquisador Matheus Müller durante seu doutorado no ITA, atua no desaguamento inteligente do lodo.

Seu diferencial é a capacidade de economizar centenas de milhões de litros de água, que retornam ao processo industrial, além de evitar a emissão de milhares de toneladas de CO₂ graças à redução do transporte de resíduos por caminhões até aterros sanitários, além de ser mais vantajosa financeiramente.

Além de atuar na regeneração de rios, lagos e lagoas, e em setores como cervejarias, mineração e concessionárias públicas e privadas, a O2eco avança em novas fronteiras de aplicação.

Um exemplo é o estudo para levar suas tecnologias a infraestruturas estratégicas de alto consumo hídrico, como data centers.

Esses ambientes utilizam enormes volumes de água para resfriamento e a integração das soluções à sua cadeia de gestão hídrica representa uma oportunidade única: unir sustentabilidade e inovação, reduzindo impactos ambientais enquanto o setor de tecnologia avança em metas globais de eficiência energética”, complementa.

Outro diferencial é o potencial de levar essas tecnologias a países que enfrentam sérios desafios de saneamento e escassez hídrica. Regiões da Ásia, África e América Latina, por exemplo, podem se beneficiar de uma solução escalável, mais acessível do que as alternativas convencionais e com impacto ambiental superior.

Conversei com o Luís para saber mais detalhes da solução e os próximos passos da startup. Confira abaixo:

Como surgiu a ideia do negócio?

Luis: A O2eco nasceu da minha paixão e do meu amor pela natureza, algo que sempre esteve presente na minha vida. Desde cedo me senti bem em contato com o meio ambiente, e foi essa vocação que me levou a estudar agronomia já com a intenção de trabalhar na área ambiental. Mas os caminhos da vida me levaram para a Austrália. Durante mais de uma década em que vivi na Austrália, estive próximo a pesquisas acadêmicas, não como pesquisador, mas fomentando colaborações entre universidades da Nova Zelândia, Austrália, Brasil e América Latina. Essa vivência despertou ainda mais minha curiosidade e me aproximou de soluções tecnológicas ligadas ao meio ambiente. Dessa trajetória, unindo experiência internacional, visão acadêmica e paixão pela natureza, nasceu a O2eco. Ao lado de pesquisadores e parceiros como o meu sócio Matheus Muller, com parte de sua pesquisa de doutorado no ITA.

Quais são os números que já conquistaram?

Luis: A O2eco já apresenta resultados relevantes, mesmo sendo uma startup jovem: atuação em diversos estados do Brasil (SP, RJ, PR, CE, ES, MG, PA) e presença internacional em países como Portugal e Austrália.Clientes estratégicos: SABESP, SANEPAR, Ambev, ArcelorMittal, Anglo American, NOVELLIS, Igua Saneamentos, entre outros players da indústria, saneamento e mineração. Impacto ambiental comprovado em projetos como o Rio Embu-Guaçu, reduzimos em mais de 30% o uso de produtos químicos, economizando mais de R$ 500 mil, com impacto positivo em centenas de milhares de pessoas e na biodiversidade do rio. Prêmios e reconhecimentos além do Global Tech Innovator Brasil (KPMG), Top 5 Ranking 100 Startups (categoria Água & Saneamento), vencedora do Sunnepar Startups, selecionada para o BNDES Garagem, 100 Accelerator AB InBev na Bélgica e outras iniciativas de relevância global. Resultados ambientais concretos com quase 1 bilhão de litros de água reutilizados ao ano e redução de cerca de milhares de toneladas de CO₂ evitados com a tecnologia Salus em logística de transporte de lodo.

A pauta ESG está muito em alta. Como você projeta o impacto da startup no médio prazo?

Luis: No médio prazo, a O2eco se projeta como um player central na pauta ESG no Brasil e no mundo, sobretudo na discussão de créditos hídricos. Acreditamos que a água deve ter o mesmo protagonismo que o carbono nos mercados de sustentabilidade. Nossa tecnologia vai além de reduzir custos: ela devolve a biodiversidade, melhora a qualidade da água e fortalece comunidades. Isso significa não apenas E (ambiental), mas também S (social) ao impactar populações inteiras, e G (governança) ao criar métricas transparentes e replicáveis para o mercado. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA) são 114.000km de rios poluídos no Brasil. A ong SOS Mata Atlântica nos coloca que 20% dos rios do bioma mais populoso do país não tem condições de banho, recreação e IRRIGAÇÃO!! O que poderia ser um elemento poderoso numa transição climática num país agro como o nosso! Ou seja, já não se trata de meio ambiente somente, e sim de transição e segurança econômica. Precisamos olhar para os rios urgentemente!

Quais são os planos para 2026?

Luis: Para 2026, nossa visão é de escala e internacionalização: estar presente em todos os biomas brasileiros, ampliando nossa atuação em saneamento, indústria e mineração, consolidar a operação de créditos hídricos como instrumento financeiro reconhecido, criando um novo mercado, internacionalizar ainda mais: expandir na América Latina, Europa e Oceania, levando soluções já testadas no Brasil para regiões que enfrentam escassez de água e continuar fortalecendo parcerias com universidades, governos e grandes empresas, porque acreditamos que só o coletivo pode transformar realidades tão complexas.

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Fundadora do Economia SC/SP/PR, 4 vezes TOP 10 Imprensa do Startup Awards e TOP 50 dos + Admirados da Imprensa em Economia, Negócios e Finanças 2023/2024.

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