Por Julio Cesar Marcellino Jr., doutor em Direito, professor e advogado.
O último Censo IBGE (2022), com relatório publicado em 2025, trouxe dados e informações importantes e que nos ajudam a compreender o crescimento do Brasil. A pesquisa considera aspectos demográficos, econômicos, educacionais e sociais para traçar um verdadeiro raio-x do País. Trata-se da principal ferramenta estatística nacional, que serve de base na elaboração de políticas de governo e respalda decisões de gestores públicos e da iniciativa privada.
Quando observamos os números a partir de uma visão macro, alcançamos a expressiva marca de 203 milhões de habitantes em todo o País, o que significa um crescimento de 6,5% da população na comparação com o Censo IBGE 2010. Mais de 40% vive nas regiões Sul e Sudeste.
O levantamento também mostrou que mais de metade da população brasileira é mulher: são cerca de 104,5 milhões. Os homens representam aproximadamente 98,5 milhões de habitantes do País.
Muito embora os números indiquem o crescimento populacional, o índice é o menor registrado pelo IBGE desde 1872, demonstrando uma importante desaceleração populacional. Isso ocorre por vários fatores, entre os quais a mudança cultural em relação à decisão das famílias no que diz respeito ao número de filhos e aos avanços da tecnologia e da medicina.
Uma consequência evidente deste fenômeno é o aumento do número de idosos, com o fortalecimento do que chamam de “geração prateada”. Para se ter uma ideia, o grupo “60+”, com homens e mulheres com 60 anos ou mais, já representa algo em torno de 15% da população brasileira.
Esse fenômeno demográfico de diminuição de jovens no mercado de trabalho e aumento da população idosa impacta diretamente o sistema previdenciário nacional. Talvez esse seja hoje o maior desafio a ser enfrentado pelos gestores públicos. Para se ter uma noção, o déficit previdenciário como um todo já alcança a cifra de aproximadamente R$ 430 bilhões, representando algo próximo a 4% do PIB.
Mesmo com as reformas previdenciárias das últimas décadas, governo e sociedade precisam avaliar e implementar novas medidas para conter esse rombo. A previsão para 2100 é de que o déficit possa chegar a 11% do PIB, algo em torno de R$ 30 trilhões.
Os números do censo ajudam não somente a compreender a realidade brasileira, mas também os desafios de Estados como Santa Catarina. Com uma população de aproximadamente 8 milhões de habitantes, o Estado recebeu um fluxo migratório de mais de 350 mil pessoas nos últimos 5 anos, o que corresponde a um aumento populacional de 4,66%. Destes novos moradores catarinenses, a maioria é gaúcha, paranaense e paulista. Muitos deles escolheram viver na Grande Florianópolis e no Norte do Estado, duas regiões que concentram boa parte do aumento populacional registrado em Santa Catarina.
Outra informação que chama a atenção: a vinda de estrangeiros para Santa Catarina. Entre os países que mais enviaram imigrantes para o Estado estão a Venezuela (27 mil), o Haiti (8 mil), a Argentina (2,5 mil), os Estados Unidos (1,3 mil) e Portugal (1 mil). Essa população estrangeira também se concentrou em grande medida na região da Grande Florianópolis, no Norte e no Oeste do Estado. Chapecó foi o município que mais recebeu estrangeiros em cinco anos.
Observando o crescimento populacional em Santa Catarina, percebe-se o fortalecimento de um fenômeno histórico, que é a litoralização populacional. Florianópolis foi o município com o maior crescimento em número absoluto de habitantes entre os dois últimos censos (2010 e 2022), chegando a 115,9 mil novos moradores. Joinville vem em segundo lugar com 101 mil, seguida por Palhoça (85 mil) e Itajaí (80,7 mil).
Fica claro que Santa Catarina passou a ser o principal lugar de desejo de viver e morar das pessoas. Seu clima, estrutura logística, traço cultural, nível educacional elevado, altos índices sociais e de segurança tornam Santa Catarina o Estado mais visado para quem pretende se estabelecer e prosperar.
Aqui vive-se mais e melhor, com uma taxa de envelhecimento de 83,22 pessoas com 60+ para cada pessoa com até 14 anos. Sua economia forte se revela no baixo índice de pessoas em vulnerabilidade social (1,44%) o que se dá por uma matriz de desenvolvimento econômico bastante diversificada, com segmento industrial, de serviços e agrícola muito desenvolvidos gerando empregos e renda, potencializando a arrecadação do Estado a ser aplicada em investimentos e serviços públicos de qualidade à população.