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Por que a maioria das empresas erra ou paga mais caro na hora de contratar seguros de vida

Foto: divulgação.

Por Matheus Silva, Head de Seguros da Franq.

No Brasil, a contratação de seguros corporativos ainda é tratada pela maioria como uma formalidade, ou seja, um item obrigatório em meio a outras exigências legais. No entanto, essa visão tem custado caro para empresas de todos os tamanhos. A experiência da Franq, plataforma que conecta bancários autônomos e escritórios de investimentos a um marketplace completo de produtos financeiros, mostra que cerca de 95% das empresas analisadas pela nossa rede apresentam algum tipo de desconformidade com as convenções coletivas ou estão pagando mais do que deveriam no seguro de vida contratado para os colaboradores.

Essa estatística preocupante evidencia uma realidade: a falta de conhecimento leva à subutilização dos seguros e a erros que comprometem não apenas o equilíbrio financeiro das companhias, mas também a proteção dos colaboradores. O problema é generalizado e não se restringe a um setor específico. Empresas do comércio, postos de gasolina, indústria de petróleo, distribuidores e, especialmente, da construção civil lidam com múltiplas convenções coletivas, regionais, estaduais e por tipo de função, o que aumenta a complexidade do cenário. Em alguns casos, como nas obras da construção civil, o seguro pode ser exigido até mesmo por força contratual, independentemente dos acordos coletivos da categoria.

Não cumprir com exigências específicas das convenções pode fazer com que empresas deixem de oferecer coberturas obrigatórias. Ou seja, ficam expostas a penalidades que variam de acordo com o sindicato e a localidade. Também é comum que mudanças nas regras sindicais não sejam acompanhadas pelas apólices vigentes, gerando irregularidades que passam despercebidas até o momento em que um funcionário precisa acionar o benefício e descobre, tardiamente, que não está disponível. Além disso, é necessário superar o mito de que seguro de vida serve apenas para casos de morte, quando, na verdade, também pode cobrir afastamentos por problemas de saúde, invalidez temporária e até o diagnóstico de doenças graves.

Ao mesmo tempo, muitas empresas seguem um modelo de contratação baseado em seguros de capital global, em que o risco é precificado de forma padronizada para todos os funcionários. Apesar de parecer uma solução prática, essa abordagem ignora as particularidades das equipes e frequentemente resulta em pagamentos acima do necessário, especialmente quando a empresa conta com colaboradores mais jovens ou com perfis de baixo risco.

Uma alternativa mais justa é o seguro cotado, no qual a seguradora precifica o risco individualmente, levando em conta fatores como idade e gênero. Embora exija uma atualização mensal da lista de funcionários segurados, essa modalidade costuma gerar economias significativas, desde que bem orientada e acompanhada. E é justamente aí que entra o papel estratégico do personal banker.

Ao contrário da venda tradicional de seguros, baseada apenas no preço, o personal banker atua como um consultor especializado. Ele avalia as necessidades específicas de cada empresa, entende o contexto regulatório e sindical em que ela está inserida, identifica riscos ocultos e direciona para a área de especialistas, que oferece suporte e busca, entre as melhores seguradoras do mercado, o produto que melhor atenda às necessidades daquela empresa. e de seus colaboradores. Vai além da oferta de seguros: oferece uma visão total que integra esse produto a outros serviços financeiros, como crédito e previdência, promovendo uma gestão mais inteligente e eficaz.

Há casos emblemáticos que ilustram a importância desse acompanhamento. Um deles envolveu o CEO de uma empresa que só descobriu estar coberto para uma doença grave quando tentou cancelar o seu seguro de vida. Na ocasião, ele buscava cortar gastos para tratar a doença, mas foi alertado pela seguradora que tinha direito ao tratamento e identificou a importância de continuar com o serviço. Em outra situação de mercado, um trabalhador ficou desassistido porque a empresa, mesmo tendo o seguro obrigatório, desconhecia as condições para acioná-lo. São exemplos que revelam como a falta de orientação transforma proteção em prejuízo, além de mostrar como a presença de um personal banker pode evitar que isso aconteça.

A atuação desse profissional também contribui para a educação financeira das equipes, tornando os benefícios contratados mais acessíveis e compreensíveis. Afinal, de nada adianta contar com uma apólice robusta se o colaborador não sabe que ela existe ou não entende como utilizá-la.

Em um ambiente regulatório cada vez mais complexo, onde empresas com três ou mil funcionários enfrentam desafios semelhantes, o apoio técnico e imparcial de um profissional especializado faz toda a diferença. Ele transforma um processo burocrático em uma ferramenta estratégica de proteção, garantindo que empresas estejam não apenas em conformidade com a lei, mas também mais preparadas para cuidar do seu bem mais valioso: as pessoas.

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