Por Luciano Alves, CEO Zabbix Latam.
Quem compraria um carro de R$ 100 mil por apenas R$ 10 mil, zero quilômetro e com garantia “independente”? A maioria desconfiaria da procedência, da qualidade e dos riscos de segurança. No entanto, quando o tema é tecnologia, muitas empresas reproduzem exatamente essa lógica.
Em meio à transformação digital e à pressão constante por reduzir custos, torna-se tentador escolher sistemas mais baratos, consultorias sem credenciais ou licenças adquiridas fora dos canais oficiais, mas a realidade é que essa economia imediata se transforma em vulnerabilidade: equipamentos sem garantia real, softwares sem atualizações críticas e consultorias que não têm respaldo técnico direto do fabricante.
O chamado mercado cinza funciona à margem do ecossistema oficial, com promessas de soluções rápidas e baratas oferecidas por empresas sem capacitação ou vínculo com o fabricante. Na prática não entregam suporte, documentação adequada ou acesso a melhorias contínuas, o cliente assume sozinho o risco de falhas, interrupções e até violações de segurança. Além disso, não contribuem para o desenvolvimento sustentável da tecnologia, que depende de um modelo colaborativo e aberto.
Ao contrário do que muitos imaginam, o modelo de negócios baseado em canais oficiais não existe para restringir, mas para expandir. Ao escolher um parceiro homologado, a empresa protege seu investimento, assegura suporte alinhado ao fabricante e garante acesso a atualizações contínuas, treinamentos e boas práticas que fortalecem a operação no longo prazo.
O mercado cinza segue na direção oposta. Não contribui com feedback técnico, não participa de programas de capacitação, não desenvolve oportunidades em conjunto e também não atua na melhoria da solução. O resultado, em grande parte dos casos, são implementações frágeis, que distorcem o valor real da tecnologia, comprometem a experiência do cliente final e, sobretudo, a sustentabilidade do negócio.