Por Sharon Haskel Koepsel, especialista em ESG e consultora de governança sustentável no escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados.
Com a popularização de temas relacionados à sustentabilidade, atualmente é impossível falar de estratégia empresarial sem considerar os impactos deste âmbito.
O avanço das práticas de ESG (ambiental, social e governança) trouxe para o centro do debate não apenas a relação das empresas com o meio ambiente, mas também a forma como se posicionam diante de seus públicos estratégicos.
Esses públicos, que incluem clientes, colaboradores, investidores, fornecedores, comunidade e até órgãos reguladores, são os principais responsáveis por determinar a percepção e a reputação de uma marca.
Mais do que consumidores, eles são agentes ativos, capazes de cobrar coerência, punir incoerências e reconhecer boas práticas de sustentabilidade, tópico que deixou de ser um diferencial e tornou-se uma expectativa mínima.
Cada decisão corporativa impacta diretamente a forma como a empresa é vista pelo mercado e pela sociedade. A transparência na governança, por exemplo, influencia investidores.
A gestão da cadeia de fornecedores reflete na credibilidade junto aos clientes. Já o cuidado com colaboradores e comunidade reforça o compromisso social da organização.
Quando esses diferentes públicos são ouvidos e considerados no planejamento estratégico, as empresas não apenas reduzem riscos de manchar sua reputação, mas também constroem valor de longo prazo.
O desafio está em transformar boas intenções em práticas concretas e mensuráveis. A definição de indicadores claros, a materialidade bem estruturada e a divulgação transparente de resultados são passos fundamentais.
Da mesma forma, é essencial envolver as lideranças e treinar equipes para que o ESG esteja verdadeiramente incorporado à cultura organizacional, ao invés de existir apenas como um recurso para cumprir o que é esperado.
Num cenário em que consumidores preferem marcas alinhadas a seus valores, investidores buscam empresas resilientes e talentos escolhem organizações com propósito, a reputação se consolida como um dos ativos mais relevantes. É ela que traduz, de forma tangível, o impacto que a empresa gera junto aos seus públicos estratégicos.
Por isso, ao pensar em sustentabilidade, não basta olhar apenas para indicadores ambientais ou relatórios de compliance. É necessário adotar uma visão sistêmica, que coloque os públicos no centro da estratégia e fortaleça a confiança no negócio.
Em um mercado cada vez mais competitivo, a diferença entre ser lembrado como uma marca admirada ou questionada está justamente na coerência entre discurso e prática. E é nesse espaço que a sustentabilidade se conecta, de forma indissociável, à reputação.