Pesquisar

Varejo memorável: experiência, personalização e marca

Foto: divulgação

No cenário competitivo do varejo atual, oferecer apenas produtos de qualidade já não é suficiente. O consumidor moderno busca algo a mais: quer ser surpreendido, reconhecido e tocado emocionalmente. Em outras palavras, ele quer viver uma experiência. Para que uma marca se torne inesquecível, é preciso ir além da simples transação e transformar o ponto de venda em um palco vivo de identidade, cultura e propósito.

É nesse contexto que o conceito de retailtainment ganha relevância. Mais do que um espaço para compras, a loja se torna um lugar de convívio, interação e descoberta. Shoppings ao redor do mundo incorporam eventos e ativações mais focadas no entretenimento do que apenas nas vendas. Um exemplo são as lojas da Apple, que se consolidaram como verdadeiros hubs culturais e tecnológicos, oferecendo workshops, lançamentos e experiências imersivas que transformam a relação entre empresa e consumidor.

No universo da moda, a icônica Hermès inaugurou em São Paulo um espaço inspirado nos quiosques de jornal parisienses, dedicado à distribuição da revista Le Monde d’Hermès, criada em 1973 e agora traduzida para o português. O ambiente, acessível apenas mediante agendamento, privilegia a vivência e o contato com a marca, muito mais do que a venda direta de produtos. Já a Zara optou por criar, em Lisboa, uma flagship única: projetada por Elsa Urquijo Arquitectos, é a segunda maior loja da rede, com 4 mil metros quadrados em três andares. O espaço combina tradição artesanal portuguesa com uma experiência de compra contemporânea, que inclui até a confeitaria “Zara by Castro”, oferecendo culinária típica local.  Essas iniciativas transformam o ato de comprar em um momento de descoberta, convivência e conexão emocional, colocando a experiência do cliente no centro da estratégia.

Outro elemento essencial é o storytelling no ponto de venda. Cada marca é uma narrativa e, quando sua história é contada de forma consistente no ambiente físico, cria-se um vínculo emocional que vai além da compra. Mostrar a origem dos materiais, revelar processos de produção e destacar o design original são formas de transmitir os princípios da empresa de maneira tangível.

A tecnologia sensorial surge como estratégia poderosa para potencializar essa experiência. Ao estimular não apenas a visão, mas também o tato, o som, o olfato e a percepção de iluminação e temperatura, as empresas conseguem criar vivências completas e memoráveis. Quando o cliente toca uma cerâmica, sente sua textura e percebe como a luz valoriza um revestimento, ele não apenas testa um produto: ele vive um momento especial. Aromas sutis e música ambiente, alinhados à identidade da marca, reforçam a sensação de pertencimento e despertam emoções.

Essa combinação de recursos deve estar em harmonia com a arquitetura de interiores, que materializa o DNA da empresa: um layout que convida à circulação, materiais que refletem seus princípios, vitrines que despertam curiosidade e mobiliário que traduz sofisticação ou acolhimento.

A personalização costura todos esses elementos. Não se trata apenas de oferecer produtos sob medida, mas de criar experiências pensadas para cada cliente. Consultorias de projeto, mood boards adaptados às particularidades de cada consumidor, recomendações baseadas em preferências regionais ou ajustes no mix de produtos conforme a cultura local fazem toda a diferença.

Um varejo memorável nasce da combinação de entretenimento, narrativa, tecnologia sensorial, arquitetura de marca e personalização. Mais do que tendências, esses elementos já são premissas básicas para construir relevância no mercado. Empresas que compreendem que experiência é estratégia, e não acessório, estarão mais preparadas para gerar diferenciação sustentável, criar vínculos emocionais reais e conquistar reconhecimento duradouro junto ao consumidor.

Compartilhe

CCO do Portobello Grupo

Leia também