De Joinville, fundada pelos irmãos Diego e Piero Contezini, em 2010, com foco em ser uma solução para emissão de boletos e cobranças, agora é uma plataforma completa de gestão financeira com soluções como PIX, conta digital, cartão de crédito, antecipação de recebíveis e emissão de notas fiscais para PMEs.
Quinze anos se passaram e agora o Asaas é uma potência. No ano passado, esteve nas principais manchetes dos jornais e portais especializados em economia e negócios do país com a maior captação que uma fintech já fez na América Latina. Foram R$ 820 milhões (pasmem! valor que ainda não foi tocado).
Em entrevista exclusiva ao Economia SC, o co-fundador Piero contou um pouco sobre os planos para 2026 e adiantou que será anunciada uma nova aquisição em breve. Confira abaixo:
O que significa para você, olhando os últimos 15 anos, hoje ser conhecido como um dos nomes responsáveis pela maior captação que uma fintech já fez na América Latina?
Piero: Pegar dinheiro é mais um compromisso do que uma conquista. O que significa para mim é que eu me comprometi com pessoas que apostaram na minha ideia para construir algo muito maior do que eu poderia sem eles. Para ser sincero, é um compromisso de que eu tenho que fazer algo muito maior do que eu tinha imaginado.
Sempre que são citados nas conversas do ecossistema, uma fala muito comum é do quão comprometidos com a missão do Asaas vocês são. Como isso reflete na sua rotina e do Diego?
Piero: A gente é bem focado. O Asaas é uma empresa um pouco diferente da maioria. Primeiro que a gente preza muito por criar um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. É esperado que nossos funcionários nunca trabalhem mais de 40h por semana. Não existe uma cobrança de horário. Acontecem dias que fazemos horas extras? Sim. Mas não é o esperado. Nosso foco está em criar formas cada vez mais efetivas de trabalho, mantendo nossos princípios, balanceamento de vida profissional com pessoal, honestidade, transparência, não prometer o que não entrega, assim por diante. Não queremos comprometer nossos valores por ter que entregar um projeto muito maior. O segundo ponto é que a gente começa a pensar como de fato cada dia mais a gente pode entrar na vida dos nossos clientes. Então, a gente começa a pensar em outros produtos, quais são as coisas que os clientes não sabem que precisam, quais mercados precisamos entrar, quais regiões, enfim. A partir disso, começamos a pensar em como a gente além de ser a força dominante do mercado, também se torna a força dominante em mercados que o nosso cliente precisa
Nessa trajetória, para acelerar o crescimento, já foram 3 aquisições. Podemos esperar algo pra esse ano ainda? Ou o foco será 2026? E o que vocês estão vendo nesse sentido de novas aquisições?
Piero: A gente deve anunciar uma aquisição esse ano. Potencialmente uma segunda até abril do próximo ano. A gente está estudando muito as adjacências do nosso negócio. Está muito no nosso trajeto a questão dos seguros, ferramentas que fazem nossos clientes ganharem mais dinheiro, ou seja, como eu ajudo ele a vender mais.
Hoje são quantos clientes, em quais mercados estão e quais as projeções para 2026?
Piero: Esse ano a gente já anunciou que faturou R$ 500 milhões em ARR e tem como objetivo em algum momento ultrapassar R$ 1 bilhão, o que permite a gente ter uma trajetória bem clara mirando a abertura de capital ou uma alternativa que seria continuar no privado, mas com mais acesso a capital. O ponto é: como eu saio de uma plataforma puramente de pagamentos para o que estamos chamando de uma plataforma operacional de negócios, que é uma visão de que o cliente não precisa mais de um banco, de um software de gestão, ou nada do gênero. Ou seja, ele usa a minha ferramenta com vários parceiros que estamos agregando. Hoje lancei a nossa plataforma, a Flapp Store, que já tem dois aplicativos, integrando os serviços do Asaas. Um deles é o Contraktor, software de gestão de contratos, e o Umbler, através da solução de IA conversacional para CRM e atendimento. Na prática, a gente está criando um modelo como se fosse o Google Apps, mas para ferramentas B2B e que tenham integrações com a moeda comum, que é o Asaas. Então estamos caminhando nessa direção: não ser só ferramenta, mas também plataforma. Hoje os clientes estão apenas no Brasil, por uma limitação regulatória. Todo cliente do Asaas precisa ter CPF. Porém, estamos trabalhando em processos para que o cliente possa receber dinheiro estrangeiro, ter conta fora do país em dólar, e só depois pensarmos em como eu trago alguém de fora para ser cliente da plataforma. Naturalmente, nossos maiores mercados são Sul e Sudeste, mas estamos em todas as cidades do país.
A pergunta polêmica: o IPO em 2028. Alguma possibilidade de antecipar ou vão deixar rolar entre aspas?
Piero: Você não escolhe quando você faz um IPO. Você fica pronto. E existe uma coisa chamada janela. Você tem grandes investidores institucionais e eles começam a colocar dinheiro em renda variável, que é a compra de ações. Então, a gente não escolhe fazer IPO, a gente fica pronto para essa janela. A gente vai fazer em 2028? Não é uma necessidade. A gente pode fazer, mas a tendência é que a gente esteja pronto primeiro, e só então avaliar se é o melhor para a empresa. É um processo um pouco mais complexo, porque muitas pessoas entendem que é o fim do jogo e, na verdade, ele é o começo de uma jornada. Só que é um começo de uma jornada que aumenta a complexidade do negócio, porque eu passo a ter que reportar para o mercado a cada trimestre tudo o que eu estou fazendo. Começa a ter que acertar minhas previsões a um nível em que qualquer diferença pode desabar minhas ações. Então, esse nível de complexidade é o que a gente tem que tomar muito cuidado para não se afobar. A gente não tem pressa. O dinheiro que a gente captou ano passado, nem encostamos ainda.
Se em 15 anos vocês fizeram tudo isso, onde você vê o Asaas em 5 e 10 anos?
Piero: Acho que em 5 anos, realmente criar um diferencial para o meu cliente, ao ponto em que, quando ele me usa, soa até meio infantil, mas como se estivesse usando a armadura do Homem de Ferro, em que por definição, estão mais poderosos por me utilizarem. Em 10 anos, eu gostaria muito que a minha ferramenta estivesse disponível para boa parte dos habitantes da Terra. Eu acho que a minha solução é para um problema mundial, e eu quero servir todo mundo que precise, que tenha um pequeno negócio e que almeja mais eficiência.