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Os desafios de segurança na era dos pagamentos instantâneos

Foto: divulgação

Por Rafaela Helbing, CEO da Data Rudder.

Em apenas quatro anos, o PIX passou de uma inovação do sistema bancário nacional ao queridinho dos brasileiros na hora de fazer pagamentos. Mais de 150 milhões de pessoas já o utilizaram ao menos uma vez, e cerca de 63% da  população faz transações mensais via PIX, de acordo com dados do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira (FGVCemif) da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP). Sua liderança é inquestionável, e com o lançamento do PIX automático o sistema entrou em uma nova fase.

A proposta é simples: permitir que pagamentos frequentes, como mensalidades, assinaturas e serviços, sejam programados com autorização prévia do pagador. Porém, a novidade traz novos desafios de segurança, como os  golpes de engenharia social. Por exemplo, criminosos podem enganar as vítimas com o envio de falsas notificações de cobrança, simulando o pagamento de um serviço como streaming ou plano de saúde.

Além disso, surgem ameaças técnicas mais silenciosas, como o uso indevido de dados, invasões por malware e o cadastro de débitos automáticos a partir de dispositivos comprometidos. Entram neste contexto também as contas de passagem, ou contas laranja, que servem para escoar valores desviados com agilidade, fragmentando o rastro financeiro e dificultando a reversão de danos.

A instantaneidade que torna o PIX tão eficiente também reduz o tempo de reação. Isso coloca as instituições financeiras em um dilema: como manter a experiência fluida para o usuário sem abrir brechas para fraudes? A resposta passa por reformular a arquitetura de prevenção. É preciso observar o comportamento que leva à autorização dos pagamentos, mapear relações entre contas, dispositivos e canais de acesso, e antecipar desvios antes que se consolidem como prejuízo.

Na Data Rudder, desenvolvemos uma abordagem que une inteligência comportamental, análise em rede e modelos de machine learning. Nosso sistema antifraude, já compatível com o PIX automático, opera em tempo real e acompanha o ciclo completo da movimentação financeira, da origem à liquidação. Isso permite detectar não só padrões suspeitos, mas também a orquestração de golpes em rede.

O PIX automático é, sem dúvida, um passo importante para a evolução do sistema de pagamentos brasileiro. Mas o crescimento exige um esforço proporcional em segurança. É necessário adaptar modelos para que consigam responder com a mesma agilidade das fraudes que combatem.

Segurança não é um complemento tecnológico, é um requisito básico para a confiança em qualquer meio de pagamento. E, no contexto atual, essa confiança só será mantida se as instituições financeiras forem capazes de entender os comportamentos que precedem a fraude, e agir antes que o prejuízo aconteça.

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