Hoje, último dia do Web Summit Lisboa, vale refletir sobre algo que muitos já percebem ao entrar nos palcos, pavilhões e salas de reunião: a conferência funciona em inglês.
Não por acaso, o inglês é a língua franca do ecossistema tecnológico global e essa escolha tem consequências práticas e estratégicas para quem vem do Brasil e de outros países não anglófonos.
Um evento verdadeiramente global
O evento reúne dezenas de milhares de participantes de todo o mundo, incluindo mais de 71 mil pessoas, entre as quais quase 1.900 investidores e milhares de startups.
Realizado em Lisboa, oferece uma programação com dezenas de trilhas técnicas (como AI, climate tech, fintech, deep tech etc.).
São públicos e speakers de 150+ países, com agendas que exigem comunicação direta e rápida entre atores de nacionalidades e de formações distintas. É esse perfil que torna do inglês a opção natural para o evento.
Por que o inglês? 3 razões práticas
- Escalabilidade comunicativa — quando centenas de delegações e investidores de diferentes idiomas precisam se conectar em curto prazo, o uso de uma língua comum reduz a fricção nas reuniões, painéis e pitches. Web Summit não é só conteúdo: é matchmaking.
- Acesso a capital e mídia — investidores, jornalistas e parceiros institucionais que circulam pelo evento esperam material (pitch decks, one-pagers, web profiles) em inglês; isso facilita os follow-ups pós-evento.
- Padronização na programação — palestras, exposição, networking: tudo é pensado para um público internacional; manter uma língua única permite repetir formatos, traduzir menos e manter o ritmo na programação.
O que foi discutido este ano
Pelos conteúdos oficiais, resumos e postagens ao longo da semana, os temas de maior peso em 2025 foram: inteligência artificial (visual AI, agentes autônomos e ética), climate tech e sustentabilidade, o papel da Europa na inovação e o fortalecimento de pipelines de investimento (IPOs, venture e scaling).
Esses tópicos apareceram tanto nas trilhas do evento quanto nas reflexões de participantes e delegações.
Como as empresas brasileiras se prepararam
A presença brasileira neste Web Summit é recorde: delegações coordenadas por ApexBrasil e Sebrae trouxeram cerca de 380 startups, parte de uma missão organizada, com pré-eventos de preparação, mentorias e seminários sobre como apresentar seu negócio ao público internacional.
Muitas empresas embarcaram com material traduzido, press kits em inglês, versões do pitch deck adaptadas para investidores europeus e roteiro de reuniões.
Organizações como Sebrae e Apex ofereceram briefing e matchmaking prévios para ampliar o retorno do investimento na viagem.
O aprendizado para empresas que querem internacionalizar
Participar de um evento como o Web Summit exige mais do que presença física. Recomendam-se três frentes mínimas:
- Fluência operacional em inglês: não é preciso ser perfeito, mas é vital que fundadores e representantes consigam explicar o modelo de negócio, a tração e o pedido (ask) de forma clara e rápida em inglês.
- Material de suporte pronto: pitch deck, one-pager, landing page e perfil no LinkedIn, em inglês, aumentam dramaticamente as chances de follow-up.
- Plano de follow-up: reuniões iniciais no evento geram leads que só viram oportunidades reais com um follow-up ágil em inglês.
A experiência brasileira em Lisboa mostra que delegações que investiram nessas frentes obtiveram mais reuniões qualificadas, cobertura de mídia e contatos com investidores.
E para a COP30? A empresa precisa se comunicar em inglês?
Novembro de 2025 traz também a COP30 em Belém e, nela, conferências multilaterais (clima, energia, saúde) operam essencialmente em inglês na sua zona formal (Blue Zone) e em muitos painéis e reuniões técnicas.
Estar pronto para participar desses fóruns, com fluência, documentos e posicionamentos traduzidos, é estratégico para quem participará do evento, como empresas que atuam em climate tech, regulação ambiental, projetos de carbono e soluções para a transição energética.
O investimento linguístico como vantagem competitiva
O inglês continua sendo um ativo estratégico, não apenas um requisito operacional.
Para startups e empresas brasileiras que buscam internacionalização, investir em fluência corporativa, tradução profissional de materiais e treinamento de pitch em inglês deixa de ser um custo e passa a ser uma alavanca.
A proficiência corporativa em inglês melhora o acesso a investidores, facilita parcerias tecnológicas e amplia a visibilidade em meios internacionais.
A lição prática do Web Summit Lisboa 2025 e dos movimentos pré-evento realizados pelo Sebrae e pelo ApexBrasil é clara: quem chega preparado no idioma cria pontes para novos negócios.