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A maturidade do mercado de produto digital e a valorização dos profissionais

Foto: divulgação.

Por Raphael Farinazzo, COO da PM3.

O mercado de Produto Digital no Brasil vive um momento de maturidade e valorização sem precedentes.

Impulsionado pelo avanço das soluções de Inteligência Artificial, que vem forte desde 2023, e pela reestruturação digital das empresas, o setor deixou para trás um ritmo tímido de movimentações para inaugurar uma nova fase de aceleração.

Nesse contexto, profissionais com capacidade de construir produtos reais, influenciar decisões e gerar impacto organizacional tornaram-se peças centrais na engrenagem da inovação.

Um fenômeno relevante acompanha esse crescimento: a migração de talentos de outras áreas para Produto, Profissionais vindos de Marketing, Design, Suporte, Sistemas e Projetos têm encontrado neste setor uma porta de entrada para o mercado tech e, muitas vezes, se destacam rapidamente em novas posições.

Principalmente, quando combinam repertório prévio com curiosidade, proatividade e capacidade de entrega, gerando oportunidade para atuar em desafios cada vez mais complexos.

Senioridade como pilar de evolução

Crescer na carreira é um objetivo comum a qualquer profissional.

Na minha trajetória, percebo que a evolução em Produto é marcada, sobretudo, por uma transformação no tipo de desafio que se é capaz de enfrentar e no grau de autonomia para tomar decisões e resolvê-los.

De maneira geral, a jornada de desenvolvimento dos profissionais costuma seguir três marcos:

  • Júnior: se destaca pela vontade de aprender, absorver conhecimento e crescer;
  • Pleno: desenvolve resiliência, entrega resultados consistentes e aprende com erros;
  • Sênior: exerce liderança informal, toma decisões complexas com autonomia e lida bem com pressão.

Profissionais juniores concentram-se em funcionalidades específicas e contam com apoio de pares mais experientes. Os plenos já lidam com entregas consistentes e aprendem com erros.

Já os sêniores passam a influenciar diretamente a estratégia: lideram iniciativas de alto impacto, como criação de novas linhas de receita, expansão de mercados e aumento da eficiência operacional.

Essa evolução vai além do domínio técnico. O uso da Inteligência Artificial no dia a dia, por exemplo, deixou de ser um diferencial para se tornar competência obrigatória.

Saber aplicar IA para gerar valor para clientes e resultados para o negócio é, hoje, parte da rotina de qualquer PM.

No médio e longo prazo, a senioridade se consolida na capacidade de articular decisões estratégicas no momento certo, unindo visão de negócio, entendimento profundo do usuário e foco em impacto. Essas competências transformam um profissional comum em referência.

Progressão de carreira e remuneração: do PM ao CPO

Segundo o Panorama de Salários de Produto PM3 2025–2026, a remuneração média de um Product Manager no Brasil é de R$ 14.382,15, um crescimento de quase 10% em relação ao ano anterior, reflexo direto da valorização estratégica do cargo.

A maioria dos PMs está na faixa entre R$ 12 mil e R$ 20 mil, com uma parcela crescente (9,36%) já avançando para remunerações acima de R$ 20 mil mensais, contra 7,59% em 2024.

À medida que esses profissionais evoluem para posições de liderança intermediária, como Head de Produto ou Group PM, a média salarial salta para R$ 21.410,63, com mais de 84% situados entre R$ 15.001 e R$ 30 mil.

No topo da trilha, Diretores de Produto e CPOs (Chief Product Officer), atingem média de R$ 29.354,17, sendo que 41,67% dos executivos nessa função recebem acima de R$ 30 mil mensais.

Quando olhamos para os dados, fica claro que a progressão de carreira em Produto vai muito além de uma simples mudança de escopo, trata-se de uma verdadeira escalada de valorização.

A jornada de PM até CPO pode mais do que dobrar a remuneração, mas demanda visão estratégica, influência organizacional e capacidade de liderar em cenários cada vez mais complexos.

Liderar vai além da técnica

O topo da carreira em Produto exige um perfil híbrido: profissionais que transitam entre áreas articulam decisões e influenciam pessoas. Liderar, nesse contexto, não se resume a conhecimento técnico.

Requer construir relacionamentos sólidos, engajar times em torno de objetivos comuns e tomar decisões informadas em ambientes ambíguos.

Um elemento central nesse processo é a escuta ativa. Profissionais que ouvem seus pares, clientes e usuários antes de decidir constroem contextos mais ricos e, consequentemente, lideram com mais consistência.

São eles que exercem liderança sem depender de cargos formais e mantêm o foco constante em impacto real.

Conhecimento em ferramentas, frameworks, métricas e stack são importantes, mas são apenas meios. O verdadeiro diferencial está em compreender o que gera valor de fato para o cliente e para o negócio.

No fim das contas, quem domina essa dinâmica não só cria bons produtos, mas constrói grandes carreiras e ocupa posições de destaque.

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