O mercado de hospitalidade vive uma mudança estrutural. As fronteiras entre hotel, moradia, condomínio e clube privado estão se integrando em modelos híbridos que combinam hotelaria sofisticada, residências de alto padrão e serviços contínuos inspirados nos melhores hotéis do mundo. Essa tendência global finalmente se consolida em Santa Catarina e representa uma das transformações mais relevantes da última década no setor.
O avanço desse modelo não é modismo. É consequência direta da valorização intensa do metro quadrado nas regiões mais disputadas, do aumento dos custos de implantação e do perfil de um consumidor que quer mais do que infraestrutura. Busca experiência, curadoria, identidade e praticidade. No cenário atual, é evidente que o formato híbrido se tornou a alternativa mais equilibrada entre viabilidade econômica e qualidade de entrega em destinos de alto valor imobiliário.
Internacionalmente, essa lógica é dominante. Four Seasons Private Residences, Aman, Rosewood, One and Only e Six Senses trabalham assim há anos. No Brasil, Fasano Boa Vista e Txai Itacaré são referências claras do modelo.
Em Santa Catarina, três projetos representam bem essa mudança.
O primeiro é o Hotel Emiliano na Praia Brava de Itajaí. A chegada de uma bandeira desse porte ao litoral catarinense é um marco importante. O modelo híbrido adotado pelo empreendimento contribui para ampliar a atratividade e a segurança financeira do projeto, algo cada vez mais relevante em regiões com metro quadrado altamente valorizado. Além disso, essa estrutura permite ao morador acesso a serviços como concierge, gastronomia qualificada, spa, manutenção e comodidades que normalmente estão restritas ao hóspede. Isso eleva o padrão de vida e aproxima o cotidiano do que há de melhor na hotelaria de alto padrão.
O segundo é o Swiss Club, em Balneário Camboriú, que traz uma leitura contemporânea dessa realidade ao unir lazer de resort, vida social e residências em um único ecossistema. Para o morador, o acesso permanente a uma infraestrutura de padrão hoteleiro transforma o produto em algo muito mais completo do que um condomínio tradicional.
O terceiro é o My Resort em Rancho Queimado. A serra catarinense vive um reposicionamento e começa a atrair empreendimentos que valorizam natureza, bem-estar e privacidade. Villas exclusivas com serviços de resort consolidam a região como destino quatro estações e oferecem ao morador uma rotina com mais conveniência, atividades guiadas e serviços especializados durante todo o ano.
Esses três empreendimentos mostram quatro movimentos que considero inevitáveis para o futuro do setor.. O primeiro é a chegada de mais bandeiras de luxo. O segundo é a ampliação da hospitalidade como serviço cotidiano. O terceiro é o crescimento do turismo residencial. O quarto é a necessidade de qualificação dos produtos independentes, que precisarão competir em outro nível de curadoria.
Santa Catarina vive um momento importante. O estado reúne valorização imobiliária acelerada, apelo natural evidente e um consumidor que não aceita mais o básico. O modelo híbrido não apenas equilibra a equação financeira desses empreendimentos, mas melhora de forma concreta a vida de quem escolhe morar neles. É uma convergência entre mercado, experiência e estilo de vida. E, na minha opinião, esse movimento inaugura um novo ciclo para o turismo e para o mercado imobiliário catarinense.