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Inovação no Brasil: o que o Top 10 da Forbes revela sobre o futuro dos negócios

Foto: divulgação

A nova lista da Forbes com as 10 Empresas Mais Inovadoras do Brasil traz um panorama interessante sobre como o país tem evoluído em tecnologia, pesquisa e novos modelos de negócio. No topo está a BIOTROP, líder global em bioinsumos e responsável por impulsionar a agricultura tropical com soluções de base biológica e intensa pesquisa microbiológica. Na segunda posição, aparece a Nissan, destacando-se pela eletrificação, conectividade e melhoria contínua no setor automotivo nacional. Logo atrás surge a Solví, referência em tecnologia ambiental aplicada à gestão de resíduos e sustentabilidade.

O ranking segue com nomes que mostram a amplitude da inovação brasileira. A Embraer ocupa a 4ª posição com avanços em engenharia aeronáutica e tecnologias limpas, enquanto a Pluxee (antiga Sodexo) aparece em 5º, inovando em soluções digitais de benefícios corporativos. A farmacêutica Takeda surge em 6º lugar com investimentos consistentes em pesquisa clínica e terapias avançadas. Em 7º, a Dexco (detentora de marcas como Deca e Duratex) modernizou sua cadeia de produção com inteligência artificial e sustentabilidade. Fechando a lista, temos a SulAmérica (8º), com novas tecnologias em saúde suplementar; a Siemens Energy (9º), com projetos de transição energética; e a Motz, em 10º, revolucionando a logística com automação e análise de dados.

Embora cada uma dessas empresas atue em setores completamente diferentes, todas compartilham uma característica central: elas não inovam apenas em produto ou tecnologia — inovam no modelo mental. Entenderam que, para competir globalmente, é preciso criar, testar, ajustar e escalar soluções de forma contínua. E o mais importante: compreenderam que inovação sem estratégia vira gasto; com estratégia, vira patrimônio. Por isso, investem fortemente em pesquisa aplicada, digitalização de processos, automação, IA generativa, sustentabilidade e aceleração de produtos para mercados complexos.

Mas existe um ponto crucial que a lista da Forbes deixa nas entrelinhas — e que explica por que essas empresas conseguem transformar inovação em vantagem real: o alicerce jurídico que sustenta cada avanço tecnológico. Sem ele, todo esforço de pesquisa poderia ser facilmente copiado, apropriado por concorrentes ou até perdido em disputas societárias.

E é aqui que a Propriedade Intelectual se torna protagonista. Empresas como BIOTROP, Embraer e Takeda mantêm portfólios amplos de patentes que garantem exclusividade tecnológica e consolidam barreiras de entrada. Já setores como logística, energia e seguros trabalham fortemente com segredos industriais, algoritmos próprios, métodos operacionais protegidos e contratos de confidencialidade rigorosos, que impedem a circulação indevida de dados e know-how sensível. Marcas fortes também são pilares — não apenas como identidade, mas como ativos que reforçam credibilidade e abrem caminho para expansão internacional.

Além disso, o ciclo de inovação exige uma teia contratual sólida. Quando empresas se conectam a startups, universidades, fornecedores ou laboratórios, surgem questões delicadas: quem detém a titularidade da tecnologia criada em conjunto? Como fica o uso de dados compartilhados? Há exclusividade? Há vedação de uso futuro? Cláusulas mal redigidas podem comprometer anos de pesquisa e abrir brechas para litígios — e é exatamente por isso que as líderes do ranking tratam contratos como instrumentos estratégicos, não como formalidades.

A lição mais importante que fica da lista é clara: inovação só se sustenta quando o jurídico caminha junto com o tecnológico. A proteção de ativos, a gestão inteligente de contratos e o monitoramento constante da propriedade intelectual transformam cada avanço em um bloco sólido dentro da empresa. É isso que diferencia negócios que apenas criam daqueles que criam, protegem e escalam. E é essa mentalidade — técnica, estratégica e jurídica — que está colocando o Brasil em destaque no cenário global da inovação.

Por fim, é importante destacar que, se há algo que a lista da Forbes escancara, é que inovar sem proteção é caminhar vendado em terreno desconhecido. O Brasil tem potencial extraordinário, mas ainda perde valor porque muitas empresas criam, testam e lançam soluções sem nenhuma blindagem contratual ou de Propriedade Intelectual — e só percebem o risco quando é tarde demais. A verdadeira pergunta que deveríamos fazer não é “como inovar mais?”, mas sim “como garantir que a inovação permaneça como patrimônio da empresa, e não como uma oportunidade entregue ao concorrente?” Porque, no fim, inovar é essencial — mas proteger é o que garante quem fica de pé no longo prazo.

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Advogada, especialista em registro de marca, Mestre em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação e fundadora da CRIA! Propriedade Intelectual.

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