Tem algo curioso sobre 2025. Quase ninguém descreve esse ano como bom. Não foi um ano de histórias fáceis de contar, nem de resultados que cabem em frases curtas. Ainda assim, muita gente o chama de necessário. E talvez seja exatamente aí que ele se revela.
Na numerologia, 2025 soma 9. O último número do ciclo.
Ele não inaugura, não acelera, não empurra para frente. Ele encerra. E encerrar quase nunca é confortável. Exige olhar para o que foi sustentado por tempo demais, mesmo depois de ter perdido o sentido.
Foi um ano que não pediu performance. Pediu presença. Presença para encarar relações mantidas mais por memória do que por troca. Planos que existiam por medo de mudar, não por vontade real. Identidades que funcionaram em outros momentos da vida, mas que agora apertavam, como uma roupa antiga que a gente insiste em vestir.
Chamam de Ano 9 porque ele fecha capítulos. Eu senti como um ano de desencaixe.
Nada saiu de forma brusca sem motivo. O que caiu já estava oco. O que se afastou já não caminhava junto. O que doeu apontou exatamente onde ainda havia apego. Não como punição, mas como revelação. 2025 não arrancou. Ele mostrou.
E não há nada de romântico nisso. Encerrar cansa. Despedir consome energia. Reorganizar a própria vida exige silêncio, não palco. Talvez por isso tanta gente diga que foi um ano pesado. Porque o 9 não resolve. Ele limpa. E limpeza não é bonita enquanto acontece.
Depois de um ano assim, o próximo não chega pedindo euforia. Chega pedindo responsabilidade. 2026 soma 1. E o 1 marca início, mas não qualquer início. Não é sobre virar a página sem ler o que ficou para trás. É sobre começar sem repetir o que já não cabe.
Recomeçar, depois da limpeza, não é entusiasmo cego. É escolha consciente. É construir com menos ilusão e mais verdade. Menos excesso, mais alinhamento. Menos pressa, mais intenção.
Que 2026 não seja sobre fazer mais. Que seja sobre fazer melhor. Sem insistir por hábito. Sem carregar por culpa. Sem avançar apenas por medo de parar.
Alguns começos não fazem barulho. Eles não pedem anúncio. Eles só fazem sentido. E talvez isso seja o sinal mais honesto de que o ciclo, enfim, virou.