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7 tendências ESG para 2026

Foto: divulgação

O ano de 2026 se aproxima trazendo transformações significativas para a agenda ESG (Ambiental, Social e de Governança) no Brasil e no mundo. Mais do que um conjunto de boas práticas, a sustentabilidade passa a ser integrada de forma definitiva à estratégia, à gestão de riscos e à competitividade das empresas.

Neste sentido, para as empresas, principalmente aquelas preocupadas em se destacarem na economia regional, nacional e internacional, compreender essas tendências é essencial e foi nesta linha que trago as sete principais tendências para o próximo ano:

1. IFRS S1 e S2: a virada de chave na transparência ESG

A principal mudança estrutural para as empresas brasileiras em 2026 será a entrada em vigor efetiva das normas internacionais de sustentabilidade IFRS S1 e S2, desenvolvidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB). No Brasil, essas normas já foram incorporadas ao arcabouço regulatório pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio da Resolução nº 193.

A partir de 2026, as companhias de capital aberto deverão divulgar informações referentes ao exercício de 2025 de acordo com esses novos padrões. Na prática, isso significa que a transparência ESG deixa de ser um diferencial competitivo e passa a ser uma exigência regulatória. As normas demandam informações estruturadas, consistentes e auditáveis sobre riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade, com destaque para riscos climáticos, emissões de gases de efeito estufa (incluindo Escopo 3), impactos sociais e governança.

Para o Brasil, especialmente para os setores de alimentos e bebidas, agronegócio, indústria metal-mecânica e tecnologia, esse movimento exigirá investimentos relevantes em sistemas de gestão de dados, capacitação de equipes e maior integração das informações ao longo da cadeia de valor.

2. Descarbonização e economia de baixo carbono

A transição para uma economia de baixo carbono é uma tendência irreversível. Com o Brasil sediando a COP30, em Belém, e com o fortalecimento das metas globais de neutralidade climática, cresce a expectativa de que as empresas brasileiras avancem de forma consistente na redução de emissões.

O acesso a financiamentos climáticos, linhas de crédito diferenciadas e investimentos sustentáveis estará cada vez mais condicionado à apresentação de planos de descarbonização claros, com metas factíveis e prazos definidos. Nesse contexto, o Brasil parte de uma posição estratégica, impulsionada por sua matriz energética majoritariamente renovável e pela relevância de suas cadeias produtivas no cenário global.

Setores como proteínas animais e commodities agrícolas terão papel central nesse processo, ao demonstrar ganhos reais em eficiência, rastreabilidade e redução de emissões, alinhando competitividade econômica e responsabilidade climática.

3. Gestão de riscos climáticos e resiliência

Eventos climáticos extremos têm deixado claro que a adaptação às mudanças climáticas não é mais uma discussão teórica. Em 2026, espera-se que a gestão de riscos climáticos seja incorporada de forma prática à governança e à estratégia das organizações.

Empresas precisarão mapear vulnerabilidades em suas operações e cadeias de suprimentos, estruturar planos de continuidade dos negócios e investir em infraestrutura mais resiliente. A capacidade de antecipar riscos, responder rapidamente a eventos extremos e garantir a continuidade operacional será determinante para a segurança do negócio, a confiança dos stakeholders e a sustentabilidade no longo prazo.

4. Transparência radical e combate ao greenwashing

A comunicação superficial sobre sustentabilidade perde espaço. Em 2026, regulações mais rigorosas e consumidores mais atentos tornam o greenwashing um risco elevado, com impactos diretos na reputação e no valor das marcas.

As empresas serão chamadas a comprovar suas alegações por meio de dados consistentes, verificáveis e alinhados a padrões reconhecidos internacionalmente. Para organizações brasileiras, especialmente as voltadas à exportação, isso implica fortalecer sistemas de controle, mensuração e rastreabilidade, garantindo coerência entre discurso, prática e resultados.

5. Cadeias de suprimentos sustentáveis

A responsabilidade das empresas sobre sua cadeia de valor tende a se intensificar. A União Europeia lidera esse movimento, exigindo maior diligência socioambiental ao longo de toda a cadeia produtiva.

A partir de 2026, fornecedores que não apresentarem evidências claras de conformidade ESG correm risco real de perder contratos com grandes compradores. No Brasil, onde a economia é fortemente integrada em cadeias produtivas complexas, esse cenário deve gerar um efeito cascata, elevando o nível de exigência também para pequenas e médias empresas. Ao mesmo tempo, esse movimento impulsiona a maturidade da gestão e fortalece relações comerciais mais sólidas e sustentáveis.

6. Inovação tecnológica para sustentabilidade

A tecnologia será um dos principais vetores de avanço da agenda ESG. Ferramentas baseadas em inteligência artificial e machine learning ganham protagonismo ao permitir o monitoramento contínuo de emissões, a antecipação de riscos, a otimização do uso de recursos e a geração de relatórios mais precisos e confiáveis.

O Brasil se destaca nesse contexto por seu ecossistema de inovação em expansão, que favorece conexões entre empresas, especialistas e soluções tecnológicas capazes de transformar dados em decisões estratégicas e ações ESG mais eficazes.

7. Diversidade, equidade e inclusão como pilar estratégico

O pilar social do ESG ganha ainda mais relevância em 2026. Investidores, clientes e colaboradores passam a exigir resultados mensuráveis em diversidade, equidade e inclusão. Não bastam políticas declaratórias: será necessário demonstrar avanços concretos em representatividade, equidade salarial e ambientes de trabalho inclusivos.

Organizações que incorporarem esses temas de forma estratégica tendem a fortalecer sua cultura organizacional, atrair talentos, reduzir riscos reputacionais e gerar valor sustentável no longo prazo.

Diante desse cenário, a dica é clara, as empresas precisam começar a se preparar o quanto antes, e os passos para essa jornada são:

  • Avaliar a maturidade ESG atual e identificar lacunas frente às exigências das IFRS S1 e S2
  • Investir em sistemas de gestão de dados que permitam mensuração contínua e confiável de indicadores ESG
  • Capacitar lideranças e equipes, especialmente nas áreas de finanças, compliance e estratégia
  • Engajar fornecedores e parceiros em práticas sustentáveis verificáveis
  • Estabelecer metas realistas de descarbonização e impacto social
  • Buscar apoio especializado para lidar com a complexidade regulatória e técnica

O Brasil reúne condições únicas para se consolidar como referência em sustentabilidade empresarial: tradição industrial, capacidade de inovação, recursos naturais estratégicos e uma sociedade cada vez mais consciente.

O desafio está em transformar esse potencial em ação concreta, garantindo competitividade, acesso a mercados e perenidade dos negócios.

A sustentabilidade deixou de ser uma promessa futura. Em 2026, ela se consolida como uma exigência do presente.

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CEO e fundadora da Eco.InPact, especialista em governança e ESG, com ampla experiência em consultoria voltada para planejamento estratégico, gestão de riscos e ESG em organizações públicas e privadas.

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