Por Fernando Engelmann, diretor de tecnologia da SoftExpert.
Até recentemente, quando uma nova regulação ambiental, por exemplo, entrava em vigor, o processo de adequação das empresas exigia semanas de reuniões. Processo que costuma envolver solicitações ao departamento de TI, desenvolvimento de novos formulários e, finalmente, o treinamento das equipes.
Hoje, no entanto, a velocidade da conformidade define a sobrevivência dos negócios. Em um ambiente hiperconectado, o tempo entre a publicação de uma norma e a sua implementação prática (o chamado gap de execução) precisa ser próximo de zero.
Neste novo contexto, a Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma ferramenta passiva de consulta para assumir um papel ativo de construção. Uma das grandes tendências para 2026 na Gestão de Riscos e Conformidade (GRC) é não apenas perguntar à IA “o que diz a lei”, mas sim fazer com que a tecnologia crie o processo para atender a esta nova legislação.
Se em 2024 as empresas ainda pilotavam projetos de IA com cautela, os anos de 2025 e, agora, 2026 marcam a era da maturidade e da governança assistida por inteligência artificial. O mercado entendeu que a tecnologia é o único caminho viável para lidar com o tsunami regulatório global, especialmente em mercados altamente regulamentados.
É esta crescente mudança regulatória que aumenta a pressão sobre os líderes de conformidade. A exaustão das equipes e o aumento do volume de regulações são desafios críticos que exigem mais do que apenas esforço humano; eles também demandam tecnologia estratégica. A conformidade não é mais sobre preencher papéis burocráticos e conferir manuais, mas sobre garantir a integridade e a segurança de dados em tempo real.
De acordo com o Gartner, até 2026, a IA Generativa deve ser o principal motor dos programas de segurança de dados, assim gerando até 40% menos incidentes de segurança cibernética causados por funcionários. A consultoria destaca que o foco mudou para a proteção de dados não estruturados e a otimização de ferramentas para combater a fadiga dos profissionais de segurança.
Essa revolução, ao mesmo tempo, aumenta a importância da gestão da Inteligência Artificial seguir com os padrões rigorosos da ISO 42001. Como resultado, empresas devem enfrentar um novo paradigma: a IA não atuando apenas para ler dados, mas para estruturar a coleta deles.
A tecnologia central que deverá transformar o GRC em 2026 é a capacidade de “Text-to-Form” (Texto para Formulário). Trata-se da habilidade de transformar um comando em linguagem natural — ou seja, um prompt — em um ativo digital estruturado e funcional.
No dia a dia corporativo, essa tendência se materializa em ferramentas com capacidades avançadas de integrar Inteligência Artificial, formulários e processos. É possível aplicar para coleta de indicadores, relatórios e auditoria de processos em diversas áreas, como ESG e sustentabilidade; Saúde e Segurança (EHS); Controle da Qualidade e auditorias.
Em 2026, a eficiência na conformidade regulatória deixará de ser um diferencial competitivo para se tornar um imperativo de mercado. As organizações que ainda dependem de processos manuais para criar seus controles internos estarão sempre um passo atrás dos riscos.
Nesse novo cenário, a capacidade de usar a Inteligência Artificial para construir processos e formulários instantaneamente é a chave para transformar a conformidade em uma vantagem estratégica.
