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Sobre o que fica depois do voo

Foto: Fabiano Scheck.

Existe um instante entre o céu e a terra em que tudo parece suspenso.

Nem lá, nem cá.

Só o ar, o som baixo do motor e o pensamento se ajeitando no silêncio.

Nesse instante, o tempo muda de forma.

O que é urgente some, o que é essencial aparece.

E a gente entende que quase tudo o que pesa embaixo é leve aqui de cima.

Voar não é só deslocamento.

É uma pausa no meio da pressa.

Um lembrete de que não existe controle sobre o que sustenta o ar, e ainda assim, a gente confia.

Talvez por isso mexa tanto.

Porque lembra que o medo não é inimigo, é passagem.

E que coragem não é ausência de dúvida, é seguir mesmo tremendo.

De longe, a vida se mostra diferente.

As dores parecem menores, os planos parecem possíveis, os dias parecem novos de novo.

O mundo continua o mesmo, mas o olhar volta outro.

E quando o avião toca o chão, algo pousa dentro da gente também.

Um tipo de serenidade que não precisa de explicação.

Um reconhecimento mudo de que tudo passa, e que o que fica é o que se viveu com verdade.

O voo acaba, mas o ar continua em nós.

Como um lembrete suave de que há sempre altura possível, mesmo nos dias em que o horizonte some.

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Head de marketing multicanal, professora e mentora de startups.

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