Santa Catarina enfrentou entre junho do ano passado e novembro deste ano um longo período com chuvas abaixo da média, caracterizando a pior estiagem que atingiu o estado desde 1957.
O Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) apresentou nesta semana as perdas da agricultura.
O estudo aponta que o milho silagem é a cultura mais atingida, seguida do alho, milho grão e cebola.
A boa notícia é que a chuva volta ao estado nos próximos dias e deve ficar acima da média em janeiro e fevereiro.
O secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa, destacou que o objetivo da reunião “foi manter os setores ligados à agricultura familiar catarinense bem informados sobre o quadro da estiagem”.
Milho silagem
A região Oeste é a mais atingida, dentro da perda total estimada em -29% para milho silagem no estado. O estudo aponta que no Oeste as perdas foram altamente significativas, resultando numa silagem de péssima qualidade. A preocupação dos pecuaristas se entende para o ano que vem, pois muitos ficarão sem reservas para alimentar os bovinos.
Milho grão
O milho grão primeira safra acumula -19% de perdas, com expectativa de produção de 2.341.928 toneladas. A região Oeste foi a mais afetada. Lá, o plantio ocorre no início de setembro, mês em que choveu apenas 20% do normal. No Extremo Oeste as quebras também foram grandes, com muitas lavouras apresentando perda total. Muitas lavouras que foram implantadas com o objetivo de colher grão irão passar para o corte da massa ou forrageira para alimentação de rebanhos bovinos. Nas regiões do Planalto Norte e Campos de Lages e em Curitibanos, houve perdas intermediárias, mas significativas, além de atraso e replantio.
Alho
O alho acumula perda estimada de -26% até agora, causada pela combinação de granizo e estiagem. Predominam os bulbos de baixo calibre, que têm preço baixo no mercado.
Cebola
A cebola, cultura na qual Santa Catarina é líder nacional de produção, deve sofrer quebra de -18% na safra em decorrência da estiagem, que afetou todas as regiões produtoras. Soma-se a isso o granizo que atingiu plantios na região de Rio do Sul e Ituporanga. Além das perdas estimadas em volume, há a perda de valor comercial dos bulbos de baixo calibre.
Feijão
O feijão primeira safra vem sendo severamente castigado no Extremo Oeste, com prejuízos irreversíveis. É esperada uma perda -8% na produção total do estado. No Oeste, a situação não é diferente, e muitos produtores desistiram de semear feijão, que provavelmente será substituído pela soja. No Meio-Oeste, o plantio de feijão com fins comerciais ocorre a partir da segunda quinzena de novembro, portanto o plantio será intensificado assim que as condições climáticas forem favoráveis.
Soja
A Epagri/Cepa estima uma perda de -3% na soja, com expectativa de produção de 2.346.572 toneladas. As lavouras com menores altitudes, mais próximas do Vale do Rio Uruguai, estão em piores condições. Nas regiões com maior altitude ainda é cedo para estimar as perdas, já que os plantios estão atrasados e com problemas de germinação.
Fumo
A produção catarinense de fumo registra até agora perda de -7%. No Extremo Oeste, Oeste e Meio-Oeste, as lavouras estão com desenvolvimento muito inferior ao esperado, acarretando em baixa qualidade do produto final. A estiagem prolongada também vem favorecendo ataques severos de pragas.
Pecuária
A situação de abastecimento de água para pecuária estava praticamente normalizada em todo estado nas duas primeiras semanas de dezembro, com a necessidade de abastecimento suplementar atingindo de forma pontual e isolada algumas propriedades do Oeste e Extremo Oeste. Com isso, os alojamentos de animais nas propriedades foram normalizados.
As pastagens também apresentaram melhoria significativa nos Planaltos Norte e Sul e no Litoral. Na mesorregião Oeste, as pastagens ainda vão demorar um pouco para se recuperar e alcançar a condição de consumo para os animais. Por mais que os produtores estejam replantando milho silagem, essa produção não vai atender à demanda. Neste cenário, a necessidade de complementação da alimentação deve manter elevados os custos de produção de carne bovina e de leite em 2021.