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As micro e pequenas empresas em 2021

Foto: Rawpixel.com/Adobe Stock

Nos últimos anos, a resiliência das micro e pequenas empresas frente às dificuldades econômicas têm chamado a atenção. Entre 2014 e 2016, quando a economia brasileira perdeu 3,5 milhões de postos de trabalho, a queda no quadro de trabalhadores de estabelecimentos com até 19 funcionários foi inferior a 200 mil, enquanto empresas de grande porte foram responsáveis por aproximadamente 1,6 milhão de colaboradores.

As dificuldades de 2020, contudo, colocaram o bom desempenho dos pequenos negócios em xeque. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada na primeira quinzena de junho mostrou que 98% das grandes empresas conseguiram manter suas atividades abertas, mesmo que parcialmente. Para os micro e pequenos empresários, apenas 67% conseguiram manter a empresa aberta parcialmente e quase 20% tiveram que encerrar as atividades definitivamente.

Apesar da retomada do crescimento da atividade econômica nacional a partir de maio, o Brasil deve terminar o ano de 2020 com queda do Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 5%. Alguns estados como Rio Grande do Sul, Bahia e Amazonas indicam resultados ainda mais baixos. 

Para 2021, a última projeção Focus de dezembro aponta um crescimento de 3,5%, postergando a completa retomada da economia para 2022. Assim como em outras crises econômicas, a aquisição de bens mais caros e supérfluos voltará mais lentamente e, nesse caso, empresas ligadas ao turismo e eventos ainda terão um ano difícil.

De qualquer maneira, sempre há espaço para serviços e produtos qualificados. Aliado a isso, a adoção de novos costumes e necessidades abrem oportunidades e boas perspectivas para diversos setores, tal como ocorreu com o varejo de materiais de construção, informática e o ramo alimentício.

Contrariando o aumento do percentual de empresas com dificuldades de manter suas operações, um levantamento do Sebrae realizado no fim de novembro com mais de 6 mil empreendedores aponta que 63% estão otimistas e pretendem investir nos seus negócios em 2021, boa parte deles fazendo uso das vendas online e das redes sociais.

Neste cenário desafiador, o diferencial para o sucesso dos negócios parece residir na capacidade gerencial e adaptativa das empresas para encontrar soluções e oportunidades em meio a tantas mudanças.

Entre tantas decisões difíceis que o empresário precisará tomar durante o ano, duas questões chamam a atenção para 2021: i) a eficiência da gestão operacional e ii) a eficácia de direcionamento das atividades da empresa.

De um lado, a eficiência está ligada principalmente na gestão dos estoques e do capital de giro. Diversos setores estão enfrentando dificuldade de encontrar insumos para sua produção e ao mesmo tempo, estoques em excesso podem comprometer o capital de giro, que normalmente já é fragilizado. 

Ao lado da atenção aos aspectos operacionais, é essencial que os empreendedores se mantenham atentos aos movimentos do mercado. Entrar no mundo digital é só um dos aspectos da nova realidade, mas adequar rapidamente o produto às novas necessidades ou a um perfil de público mais adequado podem ser determinantes para o sucesso.  

Assim, mais do que nunca as informações, estatísticas e um bom planejamento serão fundamentais para o empreendedor em 2021.

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Doutor em Economia e sócio da Caravela Soluções

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