O Ministério do Turismo deu início a um projeto pioneiro chamado Destinos Turísticos Inteligentes (DTI), que busca transformar cidades já conhecidas pelo turismo em destinos inovadores. Florianópolis foi uma das 10 cidades selecionadas para participar do piloto e, para entender um pouco mais sobre o programa e como a cidade pode se desenvolver, conversamos com o superintendente de turismo da cidade e doutor em Desenvolvimento Regional e Urbano, Vinícius de Luca, confira abaixo:
O que é o programa Destinos Turísticos Inteligentes?
Vinícius: É um projeto pioneiro que busca transformar cidades turísticas em destinos inovadores. A partir do projeto-piloto, será possível analisar os procedimentos atuais e implementar estratégias, considerando as especificidades regionais.
Quais critérios foram avaliados para fazer Florianópolis ser uma das 10 cidades escolhidas pelo MTUR?
Vinícius: Num primeiro momento o MTUR diagnosticou , em parceria com especialistas do Instituto Argentino Ciudades Del Futuro (ICF) da Fundação Ciudad de la Plata e com a Sociedade Mercantil Estatal para a Gestão da Inovação e as Tecnologias Turísticas (SEGITTUR), da Espanha, os municípios-piloto. A cidade foi escolhida por ser um destino turístico consagrado, o segundo destino que mais recebe estrangeiros por lazer, um dos 10 municípios que mais sediam eventos internacional, a capital nacional do Triatlo, as trilhas, a gastronomia (Cidade Criativa Unesco da Gastronomia) e atrativos recentes que estão despontando, como a Arte Urbana e o Turismo de Cinema (captação de produções audiovisuais), entre outras razões relativas à demanda. Além disso, sob o ponto de vista da oferta, Florianópolis possui um dos ecossistemas de inovação mais importantes do Brasil, e cada vez mais alinhado com as demandas do setor de turismo. Podemos citar, ainda, os recentes investimentos realizados em infraestrutura, como o alargamento da Praia de Canasvieiras, o novo Largo da Alfândega, o novo Aeroporto, as novas vias de acesso para o Sul da Ilha e a revitalização da rodovia que acessa o Norte da Ilha. Em breve ainda teremos as entregas das revitalizações da Av. das Rendeiras, na Lagoa da Conceição e o alargamento das praias de Jurerê e boa parte de Ingleses.
Haverá algum investimento na cidade?
Vinícius: Por parte do Ministério, não se sabe ainda. A Prefeitura de Florianópolis prevê um aporte de cerca de R$ 500 mil, em parceria com o Sebrae, em projetos relacionados com Destinos Turísticos Inteligentes. São investimentos em soluções para pesquisas, interatividade, formatação de roteiros, desenvolvimento de novos produtos e promoção.
O que consiste o programa? Quais ações serão realizadas? Quando começam?
Vinícius: Depois do diagnóstico preliminar, técnicos do Ministério e especialistas dos parceiros realizarão um diagnóstico mais profundo sobre a oferta turística e a relação com o projeto. Após o diagnóstico, será elaborado um plano, com ênfase em qualificação, metodologia DTI e inovação.
Qual a diferença entre um destino turístico e um Destino Inteligente?
Vinícius: DTI caracteriza um destino turístico inovador, consolidado, que utiliza infraestrutura tecnológica de ponta, facilitando a interação do visitante com empresas locais, otimizando a qualidade da sua experiência de viagem, ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento sustentável do território turístico e melhora a qualidade de vida do residente. Os destinos turísticos inteligentes focam seus esforços no uso das tecnologias e da inovação para aumentar a competitividade com o uso de dados gerados pelos próprios turistas, oportunizando o surgimento e o fortalecimento de produtos personalizados e na agregação de valor aos visitantes, com melhorias nos serviços e ênfase na experiência que o turista tem no destino.
Quanto o turismo gera de economia para a capital?
Vinícius: O turismo, antes da pandemia, era responsável, direta e indiretamente, por cerca de 20% do PIB da capital.
Florianópolis já é uma das cidades mais procuradas pelos brasileiros. Como esse programa pode aumentar o fluxo de turistas na cidade?
Vinícius: As premissas de DTI são a inovação tecnológica, o comportamento da demanda turística, o surgimento de novos modelos de negócio, o aumento da eficiência, a melhoria da competitividade do destino e o desenvolvimento sustentável. A insegurança continua e mesmo os viajantes mais experientes ainda não estão totalmente seguros para programar viagens. O gap entre reserva e viagem, que já vinha caído nos últimos anos, agora se tornou quase inexistente para boa parte dos viajantes, temendo novas restrições nos destinos escolhidos. Por isso, a capacidade de estabelecer relações diretas a partir de informações coletadas com turistas e com possíveis turistas, além de moradores, seja B2C, B2G ou G2C e vice-versa são fundamentais para o momento. Cada vez mais é necessário transmitir segurança e confiança nos canais digitais, com conexões criativas e desenvolvimento turístico de questões locais – com experiências sólidas e autênticas. Portanto, além de ações para lidar com informação, relacionamento com públicos, gestão customer centric, economia do feedback, gestão da imagem do destino, gestão de reviews, reputação on line do destino, gestão da qualidade em atrativos, trazer novas possibilidades de produtos turísticos – como os relacionados com TBC – turismo de base comunitária, com o turismo de cinema, via Film Commission – e roteiros atuais e com ênfase em produto estão contemplados e devem contribuir para o incremento do fluxo turístico – com destaque também para o uso tangível por parte do turista – com mais informação e mais interação com o destino antes da viagem, durante e depois.