Iniciativa pioneira no país, a Rede de Inovação Florianópolis, uma parceria entre a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e a prefeitura da cidade, está impulsionando a geração de novos negócios.
Desde o seu lançamento, em 2018, já atendeu mais de 1 mil empresários ou potenciais empreendedores interessados em empreender em Florianópolis.
Formado por quatro centros de inovação credenciados, o CIA Downtown, CIA Primavera, CIA Sapiens Parque e SOHO, o projeto tem o objetivo de estimular a cultura de inovação e o empreendedorismo, ativando o ecossistema e gerando negócios inovadores.
A iniciativa também investe em capacitações, eventos e maratonas de tecnologia e inovação, aumento no acesso a investidores e atração de negócios para a cidade.
Assim, já produziu 646 eventos, impactando diretamente mais de 13 mil pessoas. Além disso, recebeu mais de 476 visitas técnicas envolvendo mais de 4 mil pessoas.
Uma das empresas que conseguiu se desenvolver com o apoio da rede é a Zaveo, especializada em posicionar e reposicionar marcas por meio do design estratégico.
Giuliano Cogo, diretor da empresa, conta que se mudou para Florianópolis para transformar seu modelo de negócio. Como era novo na cidade, buscou fazer networking com outras empresas e entender como funcionavam os centros de inovação e o ecossistema do local. Se associou à ACATE e foi atendido por um agente no escritório de promoção da inovação no CIA Primavera.
“A rede nos ajudou a criar novos contatos com empresas da região, o que facilitou o caminho, além de trazer novas oportunidades e valorização profissional. Florianópolis é uma das poucas cidades que é vista como o Vale do Silício Brasiliero, isso tem a ver com uma seleção grande de pessoas que são referências na suas áreas e o networking que acontece em eventos. Esse networking traz a régua muito para cima”, explica.
Atualmente, a empresa participa do programa de verticais de negócios da entidade, que conecta empresas do mesmo segmento de atuação.
Um exemplo de iniciativa da rede é o Living Lab Florianópolis, que ocorreu em 2019. O programa teve como intuito integrar entidades, empresas, academia, governo municipal e moradores, gerando pesquisa e desenvolvimento para tornar a capital catarinense uma cidade inteligente.
Diego Ramos, diretor da vertical smart cities, explica que o propósito do programa é aproximar as startups do seu público-alvo, com isso as empresas têm a oportunidade de testar e validar os produtos em ambiente urbano:
“O Living Lab proporcionou uma troca de conhecimento, fortalecendo as empresas, o ecossistema de inovação de Florianópolis e assim abrindo as portas para novos negócios nesse segmento”.
A startup Maneje Bem, que desenvolve tecnologia para agricultura familiar, participou do Living Lab testando sua plataforma para auxiliar agricultores urbanos e periurbanos a se conectarem com técnicos agrícolas.
Dessa forma, disponibilizou seu serviço de assessoria remota com foco em agricultura sustentável, através de site e aplicativo.
Foi firmada uma parceria com o programa municipal de agricultura urbana e prestaram assistência técnica às 35 hortas urbanas já implementadas em postos de saúde da capital catarinense.
Juliane Blainski, CEO da startup, afirma que o programa foi uma oportunidade de testar uma nova maneira de entregar valor:
“Vimos que o agricultor urbano também demanda de assistência técnica e tem necessidade de soluções voltadas a uma agricultura mais limpa e sustentável”.
Atualmente, a startup formata um novo modelo de negócio, mas agora trabalhando com agricultores rurais via cooperativa e indústrias.
Com a nova ferramenta, os técnicos do campo tiveram um aumento na produtividade de entrega de trabalho de 300% e também podem auxiliar remotamente os agricultores.
Outra empresa que viu uma oportunidade para validar seu produto em escala real com o Living Lab foi a Sigmais.
A startup desenvolveu uma tecnologia para a contagem de tráfego e para detectar vagas em estacionamentos públicos.
Guilherme Azevedo, CTO da Sigmais, ressalta que os resultados foram promissores e com isso perceberam a importância de computar o tráfego regularmente num período longo no mesmo lugar, sendo uma forma válida e economicamente mais viável:
“Foi muito gratificante, a experiência nos surpreendeu positivamente. Tivemos um apoio fenomenal, tanto da Prefeitura quanto da ACATE”.
A empresa segue mantendo contato com a prefeitura e, ainda inspirados em Florianópolis, os sócios da empresa criaram um Hub de Inovação para Construção Civil no Espírito Santo e pensam em abrir um escritório na cidade para, além de gerar novos negócios, aprender e vivenciar ao máximo essa rede de interação.
Um projeto que teve início durante o Living Lab e ainda segue ativo é da startup WiFeed, residente há 2 anos no CIA Primavera.
A empresa possui uma solução que entrega inteligência de dados e possibilita geração de receita através do wi-fi de estabelecimentos que oferecem a rede de internet para seus clientes.
Atuam em segmentos como shoppings e supermercados, bares, restaurantes, academias e, com o Living Lab, expandiram seu trabalho para estabelecimentos públicos ou hotspots públicos.
O CEO da WiFeed, Bruno Guimarães, conta que o interesse em participar do programa veio ao perceber que estavam atendendo somente a iniciativa privada, enquanto grande parte dos cidadãos não têm acesso à internet:
“Estudamos a tendência de smart cities e resolvemos buscar esse mercado junto ao programa e as empresas que queriam fazer parte desse ambiente”.
Ele relata que quando o projeto rodou, foram impactadas mais de 3 mil pessoas com mais de 16 mil acessos em 106 dias.
Perceberam também que 70% dos usuários acessaram mais de uma vez a rede. Durante a pandemia, surgiu uma nova ideia, e usaram o espaço para ações de conscientização. Atualmente, o projeto segue ativo, mesmo depois do programa, e os número aumentaram, com o total de 100 mil acessos da rede impactando mais de 25 mil pessoas.