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Curadoria de conteúdo e outros 4 passos para um programa de capacitação eficiente

Foto: ijeab/AdobeStock

Apesar da alta recorde das taxas de desemprego no país, a falta de mão de obra qualificada tem deixado empresas sem opções na hora de contratação.

Uma pesquisa recente divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) dá a dimensão do problema: cinco em cada dez empresas do setor enfrentam dificuldades para encontrar profissionais com formação. Não à toa, os investimentos em educação corporativa crescem exponencialmente. 

Elaborar um plano de aprendizagem eficiente, no entanto, exige que algumas perspectivas sejam consideradas, independentemente das particularidades de cada empresa e do público-alvo da capacitação.

“É difícil falar em algo padrão para todas, mas, pela nossa experiência, identificamos que há questões que se repetem”, ressalta Sueli Andrade, especialista em treinamento e desenvolvimento do DOT digital group.

A empresa é especialista em soluções educacionais digitais para o mercado corporativo e já capacitou mais de 10 milhões de pessoas em 25 anos de atuação. 

Em razão da pandemia, grande parte dos programas de treinamento que eram presenciais tiveram de ser adaptados para o digital.

A seguir, Sueli elenca cinco pontos que devem ser observados na elaboração de um programa de educação corporativa eficiente:

  1. EGS (sigla em inglês, que pode ser traduzida como Ambiental, Social e Governança)

Sigla usada para se referir ao esforço de um negócio na busca por formas de minimizar impactos no meio ambiente, construir um mundo mais justo e responsável para as pessoas e manter os melhores processos de administração, a EGS traz dimensões que também devem ser incorporadas às ações de treinamento e desenvolvimento. Para algumas empresas e RHs pode ser um elefante na sala, mas é um problema que precisa ser olhado. Na prática isso se reflete em considerar, por exemplo, ao elaborar um programa educacional, que 30% dos brasileiros são analfabetos funcionais (segundo os dados mais recentes do IBGE). Ou seja, quase um terço da população sabe ler e escrever, mas tem dificuldades de interpretar situações de forma adequada e com criticidade. Também abarca oferecer conteúdos que representem a diversidade de etnias, corpos e sexualidade da sociedade. A exploração de cases comportamentais é uma boa oportunidade para discutir questões relacionadas a racismo, colocar mulheres em cenários de decisão e e deixar claro como o time deve se posicionar nessas situações.

  1. Indicadores determinados a partir da estratégia do negócio

O que importa não é o tamanho da iniciativa, mas ela estar alinhada a algum propósito da organização, como uma necessidade de melhorar a qualidade de contratação dos fornecedores, de diminuir o turnover ou o desperdício de recursos financeiros, de otimizar as agendas e o tempo de colaboradores e fornecedores. Como fazer isso? Lendo o planejamento estratégico da empresa, suas premissas e valores e conversando com gestores de áreas. Ao elaborar uma ação de treinamento e desenvolvimento é preciso ter bem claro qual parcela do planejamento estratégico ela vai entregar a partir de seus resultados. 

  1. Diagnóstico educacional e estudo de personas

São duas searas distintas que, trabalhando conjuntamente, podem fornecer uma série de informações preciosas para a estruturação do planejamento estratégico. O estudo de personas vai entregar uma fotografia mais comportamental do público-alvo da capacitação: que mídias interessam a eles, se preferem storytelling ou seriado. São parâmetros que permitirão entender quais soluções educacionais vão melhor conversar com aquele perfil de pessoas. Já o diagnóstico vai dar a dimensão da situação educacional dos colaboradores: quem são eles, qual o nível educacional, que cursos já fizeram, se têm mais familiaridade com texto ou audiovisual. São  informações que permitirão à empresa entender em qual cenário educacional ela se encontra e definir para onde quer caminhar, a partir de agora. 

  1. Curadoria de conteúdo

Numa exposição de arte, o trabalho do curador é identificar quais quadros fazem sentido para determinado público. O sucesso de audiência depende, em grande parte, das escolhas feitas pelo curador. Num programa de capacitação, a lógica é a mesma. Os RHs precisam se perguntar o quão desapropriada pode estar sua grade de cursos para seu público. Eu sugiro dividir essa responsabilidade com a sua audiência. Escutar deles quais temas acreditam ser relevantes. Além de praticar a escuta, ela aconselha que as estratégias sejam testadas em menor escala, como se fossem pilotos, antes de escalar para um número maior de colaboradores, como se fosse um protótipo em desenvolvimento.

  1. O que é educação para o seu negócio?

Conseguir responder esta pergunta será o direcionador das ações em educação corporativa. A tarefa não é fácil, pois demanda diálogo, diagnóstico, mapeamento e, principalmente, entender o que essas agregarão aos negócios”, diz Sueli. O branding da empresa, sua missão e visão de futuro devem aparecer neste programa. É preciso ser coerente para entregar conteúdos que transformem a vida das pessoas.

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