Como bairros inteligentes viraram tendência e como eles impactam na sociedade? Esse foi o foco da conversa com Fernando Luiz Weber, à frente da Weber Empreendimentos, uma das mais inovadoras companhias dedicadas ao segmento do novo urbanismo. A empresa acumula cerca de 25 projetos em mais de 20 cidades de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com operações na área imobiliária, com a criação de bairros planejados, condomínios fechados de alto padrão, centros logísticos, propriedades compartilhadas, casas projetadas sob medida, polos universitários e unidades educacionais, além de empresa de design de negócios e polos de inovação tecnológica. Confira abaixo a entrevista do empresário no Economia SC Drops:
O que são bairros inteligentes?
Fernando: O bairro inteligente deriva do conceito de cidade inteligente. A cidade inteligente vem sendo desenvolvida no mundo inteiro de maneira a organizar o tecido urbano por meio de uma série de políticas e arranjos que facilitem e melhorem a vida das pessoas. É a cola nos “tijolos”. É um ecossistema que coloca as pessoas em primeiro lugar. O uso generalizado da tecnologia na gestão ampla de todos os recursos da infraestrutura. Em países desenvolvidos, a criação ou reconhecimento de cidades inteligentes, ocorre a partir do aproveitamento e da adequação de cidades e ambientes urbanos já consolidados, na implementação desta lógica. Passa por uma adaptação. No Brasil, verifica-se também o uso do conceito de cidades inteligentes, a partir de bairros de grandes cidades brasileiras. Contudo, a Weber, que tem atuação destacada em municípios menores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, identificou que é possível implementar bairros inteligentes, a partir de projetos novos de urbanismo. Nós poderíamos realizar loteamentos, simplesmente. Mas isso não nos move. Queremos entregar qualidade e conforto. Os bairros da Weber estão baseados na urbanização definida a partir de projetos que integram diversos elementos e componentes urbanos. Todos visam garantir a qualidade de vida das pessoas. Nossos projetos incluem escolas, universidades, postos de combustíveis, setores para verticalização, ruas pavimentadas com paver, iluminação pública, fornecimento de água, esgoto, ciclofaixas, câmeras de monitoramento de vídeo, supermercados, e polos de inovação tecnológica e coworking.
Como esse conceito está sendo aplicado? Quais regiões se destacam?
Fernando: Todos os nossos projetos de bairros inteligentes trazem ainda preceitos da ONU para o Desenvolvimento Sustentável. A sustentabilidade prevê o atendimento das necessidades das gerações atuais e garantia da mesma qualidade de vida para as gerações futuras. A ONU apregoa zelo e o máximo cuidado a fim de garantir cidades seguras e sustentáveis. Nós pensamos na formação das pessoas, isso significa melhorar o capital humano. Este componente exige avaliar o percentual da população com educação secundária ou superior, número de universidades, escolas, museus e galerias de arte, além dos gastos com lazer da população. Outro ponto é a coesão social, medido pelo grau de coexistência entre grupos de pessoas com diferentes rendas, culturas, idades e profissões. Outro ponto importante é a economia, onde é avaliado tudo aquilo que possa promover o desenvolvimento econômico do ambiente urbano. Os polos de inovação tecnológica garantem o surgimento desta economia criativa. A governança leva em conta a eficiência, qualidade e estabilidade das intervenções estatais. As reservas econômicas das cidades, certificações que comprovem a qualidade de seus serviços e a percepção de corrupção estão entre os indicadores no cálculo do índice. Um bairro vibrante, com impostos justos, geração de emprego e renda, melhora a vida nas cidades. A questão do cuidado com o meio ambiente é outro ponto de destaque nos alertas globais da ONU. Para isso é preciso fazer o dever de casa, com coleta e tratamento de esgoto, pavimentação com paver, entre tantos aspectos. A mobilidade e transporte de qualidade, tão defendidos e debatidos, são práticas em nossos ambientes urbanos, onde a pessoa pode estudar, viver e trabalhar no mesmo bairro. Estes dois desafios advertem que é preciso facilitar a movimentação nas cidades e ampliar o acesso aos serviços públicos. O planejamento urbano é outro ponto chave. Indicadores como o percentual da população com acesso ao saneamento básico, número de pessoas por moradia e número de edifícios construídos na cidade são considerados aqui. As conexões internacionais medem o impacto global de uma cidade. As estratégias de inovação e desenvolvimento tecnológico, a partir dos polos de inovação, podem ser um caminho para escalar este quesito. O uso da tecnologia é um componente crítico na vida urbana. Pelo relatório Cities Motion Index, o acesso à tecnologia é tratado como um aspecto decisivo para melhorar a qualidade de vida da população. Os principais indicadores são o percentual de lares com acesso à internet, à banda larga e à telefonia móvel, além da pontuação da cidade no Innovation Cities Program, que mede o nível de inovação da cidade.
Esse conceito é tendência? Quais os próximos passos desse segmento? O que ainda pode ser melhorado?
Fernando: Os bairros planejados da Weber são pioneiros em nossa região e no Brasil. A prática ainda é da criação de loteamentos, com a infraestrutura prevista na legislação. Nosso modelo inova ao entregar aos investidores e futuros moradores um ambiente urbano dotado da mais completa e qualificada infraestrutura, onde as famílias possam viver, trabalhar, estudar e alcançar momentos de lazer e convívio. Sem dúvida esta é uma tendência em todo o Brasil, uma vez que o país ainda está em crescimento e amadurecimento social da sua população. A Weber busca a inovação constantemente. A partir de agora, as estruturas de inovação instaladas em nossos bairros planejados e inteligentes deverão auxiliar no avanço destas estratégias. Seria uma retroalimentação para qualificar ainda mais o que estamos fazendo a partir dos nossos estudos. Neste modelo de planejamento e qualificação do ambiente urbano, os investidores e moradores passam a ser sócios do projeto. Eles obtêm ganhos de qualidade e financeira em escala. Partem de um investimento mais robusto e eficaz, uma vez que a estrutura e a vizinhança com instituições que geram valor ao ambiente estão garantidas.
Quais os benefícios de um bairro inteligente para a comunidade?
Fernando: A diferença entre os modelos de loteamentos e bairros planejados e inteligentes está no conceito. Enquanto um é simplesmente o fracionamento do solo, com a implantação de um mínimo de estruturas definidas em Leis pelo Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, como escrituras públicas, redes de água, energia e calçamento, o outro prevê uma variada gama de faixas de infraestrutura. O bairro inteligente é planejado e executado para que tenha vida. Ocorre uma aceleração e um direcionamento na ocupação e no crescimento de todas as atividades. Entre estas faixas adicionais de infraestrutura estão a implantação de equipamentos e serviços à disposição da comunidade como rede de coleta e tratamento de esgotos, instalação de universidades, escolas, postos de combustíveis, mercados de bairros, polos de inovação tecnológicos, atração de empresas que vão gerar emprego e renda, implementação de áreas de lazer e convivência e o que é melhor: a integração de diversos destes elementos.
Como o acesso a este modelo é em relação aos demais?
Fernando: Logicamente um processo com estas características e qualidades tem uma percepção de valor maior do que os modelos tradicionais de loteamentos. Em muitos casos, os loteamentos levam muitos anos, beirando uma década para alcançarem a devida valorização. No caso dos bairros inteligentes, com a aceleração das estruturas e da atração de projetos âncoras, a valorização ocorre de uma maneira muito mais agressiva e antecipada. A Weber tem relatórios que apontam a maior valorização do mercado no menor espaço de tempo para os investidores nos projetos de bairros planejados e inteligentes. Isso determina o lançamento a partir de patamares superiores aos preços praticados por outras organizações em projetos tradicionais. Contudo, apensar do preço ser um pouco mais elevado, para atingir o valor colocado nos projetos, a Weber oferece, em condições próprias, financiamentos e parcelamentos com as melhores taxas de mercado. Tudo direto com a empresa, facilitando assim o acesso em fracionamento dos valores ao longo de muitos anos.