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Empreendedorismo feminino: como uma empresária uniu moda com tecnologia e hoje é referência em produção de bolsas e acessórios 3D

Foto: divulgação.

O mês de novembro traz um tema que proporciona diversas discussões. Mulheres cada vez mais têm conquistado sua voz e seu espaço na sociedade, principalmente no empreendedorismo. Especificamente no dia 19 deste mês é comemorado o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino e, como um único dia não seria suficiente, produzimos uma série com 30 entrevistas de mulheres fantásticas para falar sobre o tema. 

A quarta convidada é Raquel Souza, fundadora da Black Purpurin, marca de Florianópolis que produz bolsas e acessórios com impressão 3D. Especialista em Design de Moda e Sustentabilidade de produto, levou a marca participar da São Paulo Fashion Week N47. Confira abaixo:

Qual foi o start do negócio? 

Iniciamos o projeto com o uso de técnicas e metodologias ágeis para o desenvolvimento de  negócios inovadores direcionado para o mercado de bolsas e acessórios de moda. Conseguimos com a utilização de Canvas, design thinking e outras ferramentas tradicionais, além de muita interação com o mercado alvo, e buscando via tecnologias habilitadoras da  indústria 4.0 um produto que condiz com o momento de busca sustentável do mercado de  moda com a tecnologia. Com isso passamos em torno de 14 meses desenvolvendo um produto  com essas características e estilo. Vale ressaltar que a tecnologia de impressão 3D não foi  amor à primeira vista e não era um conhecimento que eu possuía, mas durante todos esses  meses de testes mantendo a mente aberta e aprendendo, testando modelagens físicas e digitais, buscamos validação dos MVPs e aprovação pelo mercado da primeira bolsa 3D comercial do Brasil. Hoje contamos com uma equipe enxuta, um dos princípios desde o início do nosso projeto. Assim nossa equipe é variável conforme a demanda do mercado.

Entre expectativa e realidade, o que você achava que era empreender e o que de  fato é? 

Antes eu tive outros negócios e achava que era empreendedora, mas cada um tem sua devida particularidade. A Black Purpurin, por ser um negócio inovador com atributos de tecnologia e sustentabilidade, acabou me exigindo outras expertises. Entre elas administração assertiva, pois trabalhamos com pesquisa e desenvolvimento, sem acontecer vendas em seu início, relacionamento e contatos com investidores, afim de manter nosso sonho sempre vivo. Gestão  de pessoas no âmbito de P&D e muito marketing. Entendi que as pessoas não comprariam meu sonho se não estivesse claro o porquê, o propósito e isso apenas eu poderia contar.  Assim, foi quando me dispus a também gerir o marketing, vendas ouvir o cliente, saber o que  ele pensa e a partir daí ajustar produto, discurso e equipe. Foi quando realmente entendi que me tornei empreendedora. Você chora, você sonha, acredita, apresenta, convence,  entrega, cria, produz, inova e sorri. 

Quais são os desafios de empreender como mulher? E o que você indica para  quem quer começar?

Conquistar espaço na tecnologia e inovação sabemos que é difícil. Quando mulher, a cobrança e a  exigência é maior a cada dia e você precisa provar aos espectadores o quanto és capacitada,  determinada e que não vai desistir. Acredito que esse fato ocorre devido a porcentagem  inexpressiva de mulheres que ocupam cadeiras de relevância, como CEOs e líderes de marcas e  empresas em nosso país. Nós mulheres precisamos nos conectar e nos apoiar sempre uma as outras. Acredito que apenas dessa forma conseguiremos mudar a  forma como somos vistas. A cada dia vamos conquistando nosso espaço, o importante é  nunca desistirmos e seguirmos juntas. 

Em quem ou no que você se inspira para continuar empreender? 

Minha avó foi uma mulher muito a frente do seu tempo, pensava de forma diferente e não se importava por não ser (de certa forma) aceita. Ela seguia com seu propósito, sua crença e sua fé sempre viva. Viveu até os 105 anos com o sorriso que lembrava uma criança. Foram tantos aprendizados com ela, carrego até hoje seus ensinamentos. Muitas vezes, diante de um problema, me pego imaginando o que ela faria, como resolveria,  como daria a volta por cima. Empreender para mim não é só um negócio, é a minha  oportunidade de continuar uma história que já iniciou lá atrás com a crença e ações da minha avó e tantas outras mulheres que lutaram para que hoje eu tenha espaço, e assim, possa unir  forças com outras.

Quais lições de empreender no seu segmento? 

Quando você é vanguardista no seu segmento ou produto, além de muita pesquisa de desenvolvimento, é necessário muito teste junto aos clientes e parceiros. A moda é um segmento bastante aberto para novas criações, mas isso não quer dizer que é fácil emplacar  um produto, pois o tempo e período do teste são muito importantes na moda. Assim, uma lição  é testar no time certo do mercado e nada melhor do que se conectar com players tradicionais  do mercado. Nós iniciamos com parcerias de grandes marcas que nos ajudaram com seus  pontos de vista com base na experiência vivida. Outro aprendizado é que no segmento de  moda é muito importante estar presente em eventos regionais e nacionais, isso nos  possibilitou conhecer novas perspectivas para os testes e produtos no desenvolvimento de  nossas bolsas futuristas, como são chamada. Lembro que quando iniciamos um dos pontos de  conquista que eu sonhava era ser referência com essa moda 3D no Brasil. Hoje quando vejo  essa referência estampada nas revistas como Elle Brasil e Bazzar Brasil ao lado de marcas renomadas como Balenciaga, sinto aquele orgulho de  dever cumprindo.

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