O varejo foi o setor que teve o maior crescimento no número de ataques fraudulentos no Brasil, no comparativo entre o primeiro semestre do ano passado e deste ano.
O salto foi de 89,5% neste período, o que representou 167 mil tentativas a mais. Somando todos os segmentos, foram 1,9 milhão de golpes nesse mesmo período, o que corresponde a uma movimentação criminosa a cada oito segundos, de acordo com o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian.
Entre as principais tentativas de fraude verificadas pela entidade, estão o uso de documentos falsos ou roubados, emissão de cartões de crédito, abertura de conta em banco e de empresas.
Hoje, já há ferramentas disponíveis para identificar essas tentativas e impedir a ação dos fraudadores em diferentes golpes no mercado do varejo.
Entenda como atuam algumas delas:
ROUBOS DE IDENTIDADE
Os golpistas utilizam-se de dados pessoais e informações roubadas para fazer compras, abrir contas em bancos, emitir cartões e até solicitar empréstimos. Dessa forma podem realizar transações financeiras fraudulentas e o responsabilizado será o dono do cartão.
Como atualmente é possível fazer essas operações facilmente pelo celular e de forma totalmente digital, aumentam-se os riscos e a preocupação com a segurança. Por isso, o uso de diferentes tecnologias é necessário para identificar e barrar tentativas de fraudes.
Na frente do caixa, uma das opções é investir em biometria facial. Eládio Isoppo, CEO e cofundador da Payface, startup de reconhecimento facial para pagamentos, explica que a ferramenta pode ser mais segura que os meios de pagamento tradicionais:
“Permitimos que a tecnologia diferencie o rosto de uma pessoa real de uma foto, vídeo ou até máscara do usuário. Com isso, falsificações de pagamento por fraudadores são muito mais difíceis de acontecer”.
A solução conecta o rosto de cada usuário com os mais diferentes meios de pagamento utilizados por varejistas, dispensando o uso de cartões ou senhas e garantindo maior validade das transações.
Para emissão de cartões ou contas, Stéfano Santos, diretor comercial da Stoque, empresa que desenvolve tecnologias de automação e digitalização de processos e documentos, explica que o investimento em tecnologias de inteligência artificial é fundamental:
“A tecnologia de face match, por exemplo, vai analisar se a selfie enviada pelo cliente e a foto do documento de identidade são da mesma pessoa e reconhece padrões que indicam se a pessoa está em situação vulnerável, desatenta, de olhos fechados ou em uma cama de hospital. Já o OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres) reconhece e extrai as informações do documento e aponta quando há divergências e manipulações”.
FRAUDE DE SENHAS
No varejo físico, uma inovação que pode auxiliar na prevenção a fraudes é o chamado cashless, um pagamento feito sem dinheiro ou cartões de débito e crédito.
Nesse método, a transação financeira pode abranger várias tecnologias, sendo as mais comuns um aplicativo NFC ou uma pulseira ou cartão RFID.
No primeiro caso, o aplicativo do cliente se comunica com o dispositivo inteligente de frente de caixa do estabelecimento para o pagamento; enquanto, no segundo, o cliente inclui créditos no estilo pré-pago nas pulseiras ou cartões e os aproxima do leitor de RFID para que o valor seja debitado.
“Embora essa tecnologia pareça distante da realidade de vários empreendedores, ela pode ser aplicada em qualquer tipo de estabelecimento sem altos custos. No Brasil, ainda está começando, mas em países como a Dinamarca e a Suécia, a modalidade já está muito forte em comércios”, explica João Pompeo, CEO da Eyemobile, empresa que desenvolve um sistema completo de tecnologia para vendas físicas e digitais.
Além da eliminação de filas e modernização dos negócios, o cashless tem como benefícios a redução das chances de roubo de senhas, de falsificações de cédulas e de fraudes, diminuindo a quase zero a possibilidade de invasões e roubos por conta de suas tecnologias de conexão seguras e criptografadas.