O setor de franquias apresentou bons números no ano passado. Segundo relatório da Associação Brasileira de Franchising (ABF), até o terceiro trimestre do ano passado, foram quase 1,4 milhões de empregos gerados no país. Além disso, o setor voltou a se estabilizar, atingindo um faturamento de R$ 47 bilhões.
Para saber o que esperar das franquias este ano, o Economia SC Drops entrevistou Guilherme Reitz, CEO da Yungas, empresa pioneira e líder em Customer Success para franchising no mercado brasileiro. Confira abaixo:
Quais as tendências para o setor de franquias em 2022?
Guilherme: Não é novidade que a digitalização é um fator crucial para a manutenção da competitividade dos negócios atuais. Para o setor de franquias, a revolução tecnológica significa aprimoramento da relação entre franqueados e franqueadora, alinhado com o desenvolvimento de processos automáticos e integrados nas operações das franquias. Para isso, os franqueadores devem atentar-se aos seus processos tradicionais de comunicação e gestão frente aos franqueados, pois estes exigem cada vez mais qualidade e atenção nos serviços de suporte. Não há mais espaço para utilização de sistemas informais de comunicação: é preciso profissionalizar e formalizar cada processo, tanto para cumprimento de normas de LGPD, quanto para melhor controle do histórico de acontecimentos da rede de franquias. A gestão eficaz dos dados da rede através da tecnologia também é um ponto de virada para o franchising, pois é possível metrificar o desempenho de cada franqueado e distinguir as unidades “em risco” e as unidades “em oportunidade”, promovendo uma gestão proativa ao invés de reativa.
Quais as vantagens de investir em uma franquia?
Guilherme: Todos os empreendedores tomam riscos, pois abrir um novo negócio pode ser desafiador e são muitas as variáveis que definem seu sucesso. Ao investir em uma franquia e se tornar franqueado de uma rede, o empreendedor conta com uma marca já construída e, provavelmente, conhecida pelo público. Assim, tem credibilidade com o consumidor final. Além disso, a franqueadora serve como um pilar do franqueado e ensina o passo a passo de como fazer a melhor operação possível para o tipo de negócio escolhido, além do suporte de uma equipe preparada para qualquer tipo de problema.
Qual perfil o empreendedor precisa ter para ser um franqueado?
Guilherme: Antes de responder à pergunta, é necessário entender que cada rede de franquias é única e cada uma delas demandará um perfil diferente de empreendedores. Primeiramente, o franqueado precisa se identificar com a marca da franquia: se o empreendedor não gosta ou não conhece nada sobre culinária, qual o sentido em abrir uma franquia de food service? A partir disso, deve-se levar em consideração as habilidades de comunicação do franqueado, já que ele estará em constante contato com a franqueadora para abertura e operações de sua unidade. Outro ponto importante é a organização. A franqueadora precisa ter um certo controle do desempenho de cada franqueado, e é de extrema importância que este tenha controle sobre todas as frentes de seu negócio e seja organizado para apresentá-las à equipe. O que vier além disso é bônus, e provavelmente serão habilidades desenvolvidas ao longo da jornada do empreendedor: habilidades de gestão, planejamento e estratégia.
Quais são os pontos que precisam de maior atenção ao analisar a compra de uma franquia?
Guilherme: O principal ponto a ser analisado para a compra de uma franquia é o suporte que a franqueadora oferece aos franqueados. É claro que o produto e a afinidade que o empreendedor possui com a área de atuação da franquia importam, porém o apoio oferecido pelo idealizador do negócio, que já conhece a operação e já errou e aprendeu no dia a dia de funcionamento, é fundamental para o sucesso de uma unidade franqueada.
Como a tecnologia ajuda o setor?
Guilherme: Vivemos na era da tecnologia e informação, e claro que os negócios de qualquer segmento precisam se adequar ao novo cenário de mercado. No caso do franchising, a boa relação entre franqueado e franqueadora é essencial para o sucesso e, por isso, a utilização de sistemas integrados focados em comunicação e gestão podem mudar o jogo para grandes redes. A tecnologia deve ser capaz de centralizar os processos e, assim, facilitar o dia a dia dos agentes, possibilitando comunicação assertiva, organizada e ágil. Além disso, a tecnologia pode exaltar os valores de transparência em grandes redes e fazer com que os franqueados realmente se sintam parte do negócio, abrindo espaço para comentários, reações, feedbacks e dúvidas sobre as decisões tomadas pela franqueadora.
Outro ponto importantíssimo é a coleta, armazenagem e gestão de dados sobre a rede de franquias. Os gestores de franqueadoras do passado conviviam com “incêndios”, problemas que surgiam com franqueados e precisavam ser resolvidos o quanto antes, e hoje os dados são capazes de prever certos gargalos e possibilitar um trabalho preventivo frente aos franqueados. O uso da tecnologia nesse sentido permite que a franqueadora acompanhe a saúde de seus franqueados e construa planos de ações para melhorar cada vez mais o desempenho deles, contribuindo para o sucesso da rede de franquias. Por fim, a tecnologia contribui para a profissionalização da rede, facilitando o cumprimento das normas de LGPD quanto aos dados pessoais dos franqueados e agentes da franqueadora e gestão do histórico e jornada de cada franqueado, o que possibilita a melhora na experiência dos envolvidos na franquia.
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