Por Roberto Vilela, consultor empresarial e mentor de negócios
Um dos grandes desafios enfrentados pelas empresas atualmente é a falta de mão de obra qualificada em alguns setores.
Os atributos profissionais dos trabalhadores passam por um momento de questionamento, onde é preciso se perguntar até que ponto os métodos tradicionais de ensino fazem sentido.
Não raro, as próprias empresas investem na capacitação das pessoas, pesquisas na área de tecnologia, por exemplo, mostram que mais de 90% dos negócios estão formando dentro de casa as capacitações que necessitam de seus profissionais.
No entanto, o problema não se restringe à formação ou contratação de um ou dois colaboradores qualificados, mas na formação de equipes, contratar craques é uma coisa, mas fazê-los jogar juntos, em consonância e com foco nos mesmos objetivos, é outra história.
Soma-se a estes dois diagnósticos comuns da maioria das lideranças o fato de que no mercado de trabalho impera a impaciência e ansiedade das pessoas em obter grandes resultados em um prazo curtíssimo, e a frustração quando isso não acontece.
Principalmente quando falamos das novas gerações, que têm acesso a muito conteúdo, de forma rápida, e são bastante influenciados pelas redes sociais, onde tudo acontece, aparentemente de forma muito fácil e imediata.
Não obstante, somos impactados por histórias de startups que recebem milhões de reais ou dólares de investidores em meses de funcionamento e somos levados a crer que aquilo aconteceu como um toque de mágica, o que raramente acontece.
Essa ilusão do imediatismo dificulta o processo de crescimento de um profissional, inclusive do gestor, que tem que lidar com a dificuldade de reter a equipe ao ponto de ela perceber que o sucesso é uma questão, principalmente, de tempo, dedicação, qualificação e disciplina, sem esses fatores fica difícil alcançar vôos mais altos.
É comum observar no ambiente corporativo o profissional recém formado que chega na empresa querendo impor o ritmo de trabalho que acredita ser o ideal.
O profissional não aceita a cultura organizacional da empresa e questiona os valores, a história e modos de fazer que levaram o negócio ao sucesso.
A falta de humildade o impede de crescer de forma respeitosa dentro da empresa e formar boas equipes, não respeita a cultura organizacional de uma empresa centenária e os trabalhadores que já estavam ali criam um bloqueio emocional para com aquela pessoa, que no fim do dia não consegue perceber o que fez de errado.
Pode parecer clichê, mas é preciso plantar para depois colher, impossível executar o contrário. Há o desejo de colher frutos maravilhosos, vistosos e suculentos, mas não há a paciência para plantar e cultivar a planta que gerará esses frutos, que é a empresa, as equipes que o gestor lidera.
Resultados acima da média não caem no colo de ninguém: você tem que batalhar acima da média. No mundo dos negócios, não basta ter apenas inspiração, existe uma dose muito maior de transpiração que não pode ser negligenciada.
Há a ilusão de que se pode começar já no topo da montanha, até dá pra chegar lá de helicóptero, mas é pra poucos.
A subida antecede a conquista e a comemoração. O caminho complexo e tortuoso precisa ser feito, geralmente não há outra alternativa.
Para ter uma equipe forte é necessário que todos tenham interesses em comum, incluindo os líderes. Estes últimos devem ter muito claro o destino, o caminho para onde estão levando a equipe, como vão chegar até esse ponto e comunicar sempre os colaboradores sobre suas ações, para que eles se sintam seguros em seguir esse líder e promover o melhor, juntos, para o sucesso da empresa.
E gestor, se você for convidado para entrar em uma equipe, observe muito bem o território e as pessoas, avance com calma, seja humilde, aprenda e ensine, muitas vezes você entende sobre muitas situações por ter vivido elas em outras empresas e pode repassar seu conhecimento na sua nova jornada, quebrando barreiras entre você e seus novos colegas.
Depois de ganhar corpo dentro da organização, você tem mais liberdade para fazer suas críticas e sugestões.
A mensagem para ambos, tanto líderes como liderados, é: abra sua mente para o novo. Formar ou fazer parte de equipes vencedoras demanda bom senso de ambos os lados – esse é o grande segredo.