Por Gabriel Duarte, analista de investimento na Invisto.
As cooperativas de crédito foram por muito tempo menosprezadas por grande parte do mercado financeiro. Em um passado nem tão distante, muitos as consideravam instituições antiquadas e incapazes de igualar seus produtos aos ofertados nos “bancões” tradicionais. Na era das fintechs, também duvidou-se do potencial de competição dessas instituições com os bancos digitais. Indo de encontro aos maus agouros do passado, observamos atualmente um crescimento pujante do cooperativismo. Aqueles que estavam atentos ao mercado, tiveram muitos elementos para estimar esse cenário.
Na última semana, o presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, destacou que o avanço do crédito cooperativo é proporcionalmente maior que o crescimento do sistema financeiro nacional, avançando 29% nos últimos 12 meses, enquanto o sistema financeiro cresceu 17% no mesmo período. Segundo o presidente, a expectativa é que as cooperativas cresçam ainda mais com os avanços tecnológicos, citando o open finance, o PIXe a digitalização dos serviços financeiros.
O cooperativismo tem conquistado o gosto e as carteiras dos brasileiros. De cidades pequenas a grandes centros urbanos, observa-se no país um aumento gradual no número de cooperativas e cooperados. Segundo levantamento do Banco Central, a carteira de crédito do cooperativismo bateu a marca de R$ 228,7 bilhões em 2020, o que representa 5,1% do Sistema Financeiro Nacional. Em 2016, a carteira das cooperativas era de cerca de R$ 95 bilhões. De acordo com os últimos levantamentos do World Council of Credit Unions, o Brasil já soma 11,9 milhões de cooperados em 847 cooperativas. Segundo a FGCoop, há a expectativa de que este ano termine com 1,3 mil postos de atendimento de cooperativas a mais do que no ano passado.
Para sustentar o crescimento e melhor atender seus associados, as cooperativas têm investido em tecnologia e inovação. Hoje, mesmo cooperativas menores têm acesso a tecnologias que permitem a disponibilização de uma experiência digital completa aos seus associados, como internet banking, PIX, open finance, aplicativo móvel e cartão de crédito. Isso possibilita uma concorrência menos desigual entre as instituições financeiras, acarretando em melhores produtos disponíveis no mercado, e promove uma expansão da oferta de produtos financeiros digitais para a zona rural e pequenas cidades.
As cooperativas sempre possuíram um papel muito importante na bancarização de habitantes da zona rural e pequenas cidades, onde, muitas vezes, os grandes bancos possuem pouca penetração. Com o avanço tecnológico, essas instituições aumentaram seu papel na democratização dos serviços financeiros. Uma importante aliada das cooperativas na jornada de digitalização e modernização é a CashWay, techfin de Florianópolis que permite que cooperativas proporcionem aos associados uma experiência de banco digital.
A CashWay foi a segunda empresa investida pelo Fundo Invisto I, gerido pela Invisto. Para além da qualidade da solução em termos de tecnologia e satisfação dos clientes, outro fator que impulsionou o investimento na companhia foi o potencial de crescimento do mercado, que cresceu mais de 140% entre 2016 e 2020. Sua plataforma permite que a instituição controle todos os dados, com estrutura de Core Bancário e adequada às regras do Banco Central. Com o propósito de democratizar os serviços financeiros, a CashWay já transacionou R$ 471 bilhões, através dos mais de 260 mil usuários. Atualmente a empresa é uma aliada relevante na democratização dos serviços financeiros e na sustentação das taxas de crescimento do setor.
As cooperativas têm mostrado muita tração e apetite de crescimento, trazendo para dentro de si novas tecnologias e desenvolvendo produtos cada vez mais competitivos. O avanço do crédito cooperativo é um importante termômetro de desempenho do setor, que promete seguir crescendo nos próximos anos.
