As crianças da geração Alpha, nascidas a partir de 2010, crescem em contato muito mais próximo à tecnologia. São nativos digitais. A maior parte interage, quase que exclusivamente, com computadores e celulares.
Um projeto desenvolvido pela Secretaria de Educação de Joinville, o <Lab_Code>, surge na intenção de desenvolver as habilidades dessas crianças e aprofundar seus conhecimentos para torná-las habilidosas também em programação.
São 407 alunos do ensino fundamental no curso e no dia 26 de novembro, 52 deles participam de uma maratona interescolar dentro do auditório do Ágora Tech Park para desenvolver jogo feito com programação visual, utilizando a plataforma Scratch.
O evento é um dos passos que acontecem ao longo dos quatro anos de curso. Ao todo, 13 escolas públicas estão contempladas pelo programa, e os alunos saem do projeto com um certificado de participação.
A iniciativa recebe apoio de movimentos de incentivo à inovação em Joinville, como o Join.Valle, que vê na iniciativa um modo de apresentar a programação como possibilidade, inclusive, de trabalho, e ampliar a visão de mundo das crianças. Outros apoiadores são: Arcellor Mittal, Impulso Produções, Sicoob, Leonora Ventures e Univille.
Coordenadora de mídias e tecnologias educacionais, Camilla Siedschlag Axt é responsável pela organização do programa e conta que a programação é um modo de aprender a se comunicar e expressar ideias. Assim como a escrita, programar é um jeito de organizar informações, mas em um formato diferente.
“O aluno de programação desenvolve o raciocínio lógico, capacidade de abstração, resolução de problemas, trabalho em equipe, tomada de decisões, criatividade, entre outras competências”, destaca.
Confira a entrevista com a coordenadora do projeto de Joinville na íntegra:
Qual o contexto que deu origem ao projeto <Lab-Code> em Joinville?
Camilla Siedschlag: Os alunos de hoje são nativos digitais. Porém, a grande parte somente interage com computadores e demais dispositivos tecnológicos. Com o <Lab_Code>, pretende-se que esses alunos sejam transformados de consumidores para produtores de novas tecnologias, pois ensinar linguagens de programação é uma habilidade fundamental para ter uma compreensão mais profunda de como a tecnologia funciona. Além disso, aprender a programar tem as mesmas razões que aprender a ler e escrever. Quando se aprende a ler e escrever, aprende-se a organizar, expressar e compartilhar ideias. E quando se aprende a programar, está aprendendo a organizar, expressar e compartilhar ideias em um outro formato, em um novo meio. O aluno de programação desenvolve o raciocínio lógico, a capacidade de abstração, a resolução de problemas, o trabalho em equipe, tomada de decisões, criatividade, entre outras competências. Além desses e outros benefícios do ensino de programação, percebeu-se a necessidade do mercado de trabalho de profissionais com esse conhecimento.
Quais são as etapas do projeto?
Camilla Siedschlag: O projeto é desenvolvido em 4 anos. A matriz curricular do curso no primeiro abrange a alfabetização digital, construção do pensamento lógico, introdução à linguagem de programação e a criação de jogos usando a plataforma Scratch. No segundo, os conteúdos estão voltados para a programação com a linguagem do Arduino/Micro Bit. Primeiro, uma introdução aos circuitos eletrônicos por meio da aprendizagem mão na massa, seguido pelo trabalho com programação em blocos utilizando a plataforma Tinkercad, para então, iniciar na estrutura da linguagem de programação Arduino. Como encerramento do ano dois, os alunos devem desenvolver um projeto criativo com funções específicas (motor, sensor, movimento e led). No ano três os alunos estudam o java, javascript, html e como encerramento, desenvolvem um projeto de criação de aplicativo. Por fim, no ano quatro, os estudos abordam a linguagem de programação Python, tendo como fechamento um projeto que deve envolver a resolução de um problema real da escola, utilizando todos os conhecimentos adquiridos ao longo do curso.
Quantas e quais são as crianças impactadas por ele?
Camilla Siedschlag: A oferta inicial para o projeto, que começou em 2022, é para 13 escolas de Joinville, sendo que cada uma delas possui duas turmas: uma no matutino e outra no vespertino. Atualmente, são 407 alunos cursando o <Lab Code>. O curso tem início no 6º ano e vai avançando até que o aluno chegue ao 9º ano do ensino fundamental.
Quais os objetivos do <Lab-Code> a longo prazo?
Camilla Siedschlag: A longo prazo, queremos ampliar a oferta desse projeto para todas as escolas do município que tenham ensino do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Assim, teremos alunos que compreendem como a tecnologia funciona e de que forma ela molda o mundo, desenvolve habilidades essenciais e necessárias para as carreiras do século 21.