Por Matheus Cadorin, deputado estadual de Santa Catarina.
Um relatório da consultoria Accenture, publicado em 2019, mostra que a inteligência artificial (IA) tem o potencial de aumentar a produtividade em até 40% até 2035, graças à automação de tarefas repetitivas e à melhoria da eficiência das operações.
Como uma pessoa ligada à área de tecnologia, minha base antes de ser escolhido pelo voto dos catarinenses para ser deputado estadual, estou convencido de que a IA é uma ferramenta promissora para aumentar a produtividade e eficiência não só no ambiente empresarial, mas também na esfera pública.
Vejo grandes possibilidades de avanços no trabalho legislativo com o uso da inteligência artificial, sempre em benefício do cidadão, que tem o direito de ver os recursos oriundos dos impostos sendo bem empregados, sem desperdícios.
Foi por crer nisso que apresentei à Assembleia Legislativa Projeto de Lei (PL) escrito com inteligência artificial. A iniciativa ganhou repercussão, sendo noticiada em diversos veículos de comunicação nacionais, que destacaram o ineditismo do fato.
Isso fez com que poucos falassem da proposta do PL, que trata sobre a publicação de informações relativas aos estoques de remédios disponíveis nas unidades de saúde de Santa Catarina.
O tema é importante: quando o projeto for aprovado, qualquer cidadão vai poder consultar e saber quantas unidades de cada tipo de medicamentos há para distribuição no estado.
O objetivo principal, ao utilizar o Chat GPT na redação do PL, foi evidenciar de forma prática as possibilidades de ganho de produtividade e eficiência em uma das tantas tarefas de um gabinete legislativo.
Importantíssimo destacar, porém, que o texto do projeto de lei foi minuciosamente revisado pela equipe jurídica do mandato, a fim de garantir que estavam atendidos todos os requisitos necessários para o correto trâmite da matéria.
Foi curioso perceber, porém, que nas mídias sociais algumas pessoas criticaram a iniciativa, desmerecendo-a. Para elas, a partir de agora, não serão mais necessários deputados e assessores parlamentares.
Além de equivocada, a tese evidencia o preconceito contra a inovação, sentimento que sempre se faz presente quando um avanço tecnológico se sobrepõe a práticas que estavam consolidadas até então.
Não são argumentos como estes, desprovidos de sustentação fática, que vão impedir que continuemos trabalhando, cada vez mais, para ampliar o uso da tecnologia no ambiente público. Ainda mais sabendo que ela pode, e vai, promover ganhos de produtividade, eficiência e transparência para os cidadãos.
No âmbito do trabalho legislativo, por exemplo, que é desde o início deste ano minha tarefa principal como deputado estadual eleito na primeira eleição que participei, a IA pode ser utilizada para coletar, analisar e processar grandes quantidades de dados, permitindo que os parlamentares tomem decisões mais embasadas.
A inteligência artificial pode analisar informações sobre a votação de projetos de lei, o perfil dos parlamentares e o histórico legislativo.
Ou ainda, as Casas Legislativas podem utilizar assistentes virtuais baseados em IA para fornecer informações e responder a perguntas dos parlamentares e do público em geral sobre legislação e o trabalho legislativo.
A IA também pode ser utilizada para analisar o sentimento do público em relação a determinados temas e projetos de lei, analisando as emoções expressas nas mídias sociais. Ou para analisar os discursos dos parlamentares e fornecer informações à população sobre os temas discutidos no parlamento.
Em resumo, a IA tem o potencial de ampliar a produtividade, eficiência e transparência no trabalho legislativo. E esse caminho novo é, sem dúvida alguma, bom para todo mundo.