Por Guilherme Tavares, CEO do Grupo Toccato.
No mundo empresarial, a coleta e análise de dados tornaram-se elementos cruciais para impulsionar o sucesso organizacional. A crescente disponibilidade de informações e o poder das tecnologias de análise de dados abriram novas oportunidades para as empresas obterem insights valiosos e tomarem decisões mais informadas. Embora a maioria dos líderes de negócios reconheça a importância dos dados, muitos enfrentam desafios significativos na jornada para se tornarem verdadeiramente orientadas por dados.
Muitas organizações vêm tentando se transformar em operações que priorizam os dados há algum tempo, com resultados mistos. Isso ocorre porque existem inúmeros desafios a serem superados, apesar de sobrarem motivos para trabalhar em direção a uma cultura orientada por dados. E por mais que possa ser um fato surpreende para muitas pessoas, os maiores desafios para uma estratégia de negócios Data-Driven não têm nenhuma ligação com a tecnologia propriamente. Na verdade, são as barreiras culturais, organizacionais e de liderança que frequentemente se mostram como entraves nessa jornada rumo à transformação orientada por dados.
Dinâmica da cultura organizacional
A dinâmica da cultura organizacional, quando não devidamente compreendida e bem articulada, pode se tornar um importante impeditivo na busca pela transformação Data-Driven. Ao considerar a natureza inovadora que acompanha esse processo, é fundamental reconhecer que a cultura organizacional bem estabelecida muitas vezes está enraizada em sistemas hierárquicos e processos centralizados.
Essa mentalidade pode restringir a adoção de uma abordagem mais descentralizada, necessária para a implementação efetiva de uma estratégia Data-Driven. A resistência ao compartilhamento de informações, à tomada de decisões baseada em dados e à colaboração interdepartamental pode impedir a transformação necessária, retardando o progresso em direção a uma cultura organizacional genuinamente orientada por dados.
Lacunas na integração de sistemas
O cenário atual não aponta para uma carência de dados nas organizações – muito pelo contrário. Porém, o problema reside na imensa quantidade de dados não estruturados armazenados em diversas plataformas. Muitas empresas enfrentam a falta de práticas padronizadas para a coleta de dados e a ausência de integrações eficazes, resultando na incapacidade de obter uma visão abrangente e valiosa desses dados. Quanto mais sistemas são utilizados, mais complexo se torna o gerenciamento dos dados.
A tarefa de analisar e correlacionar informações dispersas provenientes de várias fontes para agregar valor aos negócios é um tanto desafiadora. Quando executada de maneira eficiente, essa integração deve englobar múltiplas funções, interfaces e tecnologias para impulsionar a produtividade e ampliar os recursos da organização. Assim, torna-se crucial mapear, desde a fase de planejamento, como os sistemas de dados atuais e futuros serão integrados.
Qualidade dos dados transacionados na organização
Informações imprecisas têm o potencial de prejudicar de forma significativa as aspirações de negócios e o processo decisório corporativo como um todo. Conforme destacado pela consultoria Gartner, a má qualidade dos dados acarreta um custo médio de US$ 12.9 milhões anualmente para as empresas. Diante da ausência de uma coleta de dados sistemática e contínua, sua utilização torna-se propensa a ruídos, resultando em insights inconsistentes.
Em suma, a resistência cultural, a fragmentação dos sistemas, a má qualidade dos dados, somados à falta de diretrizes claras são obstáculos que as organizações devem enfrentar para se tornarem Data-Driven. Acredito que reconhecer e abordar esses desafios de maneira proativa é fundamental para desbloquear o potencial dos dados como um ativo valioso. Somente ao superar essas barreiras, as empresas estarão preparadas para trilhar o caminho rumo à excelência orientada por dados, capacitando-se a tomar decisões embasadas e obter vantagem competitiva em um mundo cada vez mais centrado nos dados.