Por Fernando Gomes de Oliveira, coordenador do Grupo de Trabalho do 5G da ACATE.
Hoje, o 5G completa 1 ano de operação comercial no Brasil, marcado pela ativação do sinal na faixa de 3.5GHz em Brasília, no dia 6 de julho de 2022. Naquela época, havia muitas dúvidas, dificuldades e questionamentos se a regra definida no Edital nº 1/2021, da Anatel, conseguiria ser cumprida.
Havia uma escassez de filtros para a mitigação da interferência, bem como uma falta de experiência e conhecimento por parte dos atores envolvidos. No entanto, também havia uma forte determinação para fazer acontecer, sem medo de errar, e construir um modelo de sucesso que traria ao Brasil grandes possibilidades de desenvolvimento socioeconômico.
Apenas um ano depois, 1.610 municípios estão liberados para a ativação da tecnologia 5G e ela já está disponível em 184 cidades brasileiras, sendo usada por mais de 10 milhões de usuários, contando com mais de 13 mil antenas por todo o país e 184 modelos de smartphones compatíveis com a tecnologia.
Ainda há muito o que fazer, mas não podemos negar que os resultados são excelentes, superando as expectativas e o que havia sido estabelecido pela Anatel. Especificamente em Santa Catarina, ao menos 174 cidades estão liberadas para a 5ª geração de comunicação móvel, o sinal está disponível em 4 delas (Florianópolis, São José, Joinville e Jaraguá do Sul), Blumenau, Chapecó e Criciúma possuem estações licenciadas que, embora ainda não estejam ativas, deverão ter sinal disponível em breve.
É um grande progresso, considerando que, nesta data, apenas 7 cidades deveriam de fato estar liberadas (Florianópolis, Joinville, São José, Blumenau, Chapecó, Criciúma, Itajaí) e o sinal disponível apenas em Florianópolis.
Municípios já liberados (verde) e com planejamento de liberação aprovado (amarelo). Fonte: Anatel
Apesar de todos esses avanços e antecipações, o 5G vive um momento de desencantamento, todas as promessas incríveis que falamos e ouvimos durante os últimos 18 meses, quando iniciamos as atividades do Grupo de Trabalho do 5G da vertical de Smart Cities da ACATE, ainda não são realidade e é natural que as críticas, perguntas e dúvidas apareçam, fazendo que a percepção da sociedade seja negativa e surja um descrédito sobre o 5G.
A verdade é que o 5G é uma infraestrutura de telecomunicações que traz de fato inúmeras vantagens em relação às gerações anteriores, como maior velocidade, maior capacidade de conexão e melhor tempo de resposta e disponibilidade, mas só passaremos a sentir esses efeitos quando existirem aplicações que façam uso delas, e essas aplicações ainda não existem.
Assim, às vésperas do aniversário de um ano da operação comercial do 5G no Brasil, a Prefeitura Municipal de São Francisco do Sul e a Associação Comercial e Industrial de São Francisco do Sul, com o apoio do SENAI, da ACATE e da CDL, realizaram o evento Impacto 5G – A chave para a diversificação e o fortalecimento econômico de São Francisco do Sul, onde propusemos a apresentação de soluções e casos reais de uso 5G, no Brasil e no mundo, a uma audiência composta por governo, indústria, academia e sociedade civil organizada.
Mais de 80 pessoas puderam ouvir, interagir e aprender como o 5G está sendo usado, e mais, ouvir dos principais atores econômicos da cidade, como o porto e indústria, como eles esperam ver o 5G ajudá-los.
Seminário Impacto 5G – A chave para a diversificação
e o fortalecimento econômico de São Francisco do Sul.
Nos 4 blocos foram discutidos vários aspectos vitais da tecnologia 5G e sua implantação no Brasil. As discussões abordaram desde o funcionamento e a regulamentação do 5G até suas aplicações práticas em diversos setores.
Os palestrantes compartilharam insights sobre o papel do governo e dos ecossistemas de inovação na facilitação da implantação, a importância da 5G para o desenvolvimento econômico local e como as empresas podem se preparar para esta transição.
Também foram discutidos casos de uso em operações portuárias e de logística, destacando o impacto transformador que a tecnologia pode ter na eficiência e economia desses setores. Além disso, os debates deram especial atenção à influência do 5G na automação industrial, destacando como a tecnologia pode otimizar processos e reduzir custos.
Outro ponto crucial debatido durante o evento foi a importância da Lei de Antenas e as responsabilidades das cidades brasileiras em criar ou adequar a sua legislação que regula o uso do solo e da instalação de infraestrutura de suporte de telecomunicações.
O 5G demandará de 5 a 10 vezes mais antenas, e por isso é muito importante que os municípios se adequem às novas necessidades, permitindo o licenciamento mais ágil e a possibilidade de uso das chamadas infraestruturas de pequeno porte, que por muitas vezes se confundirão com o mobiliário urbano, como luminárias, bancas de jornal e outros aparelhos disponíveis nos ambientes urbanos.
Na ocasião, foi assinada pelo prefeito Godofredo Gomes Moreira Filho, ao lado gestor do Núcleo de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Maikon Maciel e o vereador Sidnei Eunézio de Mira, a sanção nº 2.685 que dispõe sobre as normas para implantação e compartilhamento de infraestrutura e suporte de telecomunicações.
O prefeito destacou que isso só é possível graças ao trabalho realizado em conjunto entre o setor público e privado:
“Sabemos que esse é o início de uma nova era, e em breve, diversos setores em nossa cidade irão se beneficiar do sinal, como por exemplo, o porto, a saúde e segurança pública”.
Assinatura da sanção Nº 2.685
O seminário promoveu uma discussão profunda e significativa sobre a revolução que o 5G traz à nossa sociedade. Os especialistas participantes, um elenco diversificado que incluiu representantes da Anatel, Siga Antenado, Deloitte, Muitobonsventos, Porto de São Francisco do Sul, TESC, ArcerlorMittal Vega, ACATE, entre outros, compartilharam insights valiosos sobre a implementação e o impacto do 5G em várias indústrias.
As perspectivas oferecidas foram tão amplas, discutindo questões regulatórias e políticas, quanto profundamente focadas, demonstrando aplicações práticas de 5G em cenários de logística e industrial. No coração de todas as discussões estava o entendimento inconfundível do poder transformador do 5G e a necessidade de preparar adequadamente o Brasil para a adoção em larga escala dessa tecnologia.
As conclusões foram repletas de otimismo e determinação. Ficou evidente que o 5G tem o potencial de revolucionar diversos setores, otimizar processos, aumentar a eficiência e reduzir custos, trazendo inúmeros benefícios para o município. Os participantes enfatizaram a necessidade de políticas públicas eficazes, de uma infraestrutura adequada e de um ecossistema inovador para possibilitar essa transformação.
O entusiasmo e a prontidão demonstrados pelos debatedores para fomentar a inovação local e adotar soluções 5G foram contagiantes e inspiradores. O seminário concluiu com uma sensação de progresso tangível e um compromisso renovado de todos os envolvidos para continuar a impulsionar a adoção do 5G no Brasil.