Sou do tempo em que ‘orelhão’ ou ‘telefone público’ faziam toda a diferença na vida das pessoas e na comunicação. Eram instrumentos acessíveis e disponíveis em muitas cidades. independente se fossem grandes ou pequenas. já que o aparelho celular somente se popularizou no final da década de 1990 no Brasil.
De família humilde e sem telefone fixo em casa, tive que usar o orelhão, por várias vezes. Na maioria, para ligar para a rádio e pedir uma música. E tinha todo um planejamento para isso.
Saia da cama bem cedo. por volta das 6h. pegava a bicicleta, me dirigia até o orelhão, colocava a ficha (sim, não era cartão ainda) e falava com o locutor. Conversa rápida, em torno de 3 minutos. Enquanto isso, em casa, no meu rádio um gravador garantia toda a minha participação para eu poder ‘ouvir a minha voz’, depois, a hora que bem quisesse.
Há muito tempo me acostumei a ouvir. Como sempre atuei em rádio e fiz gravações, fui obrigado a conferir o material para ver se a pronúncia estava correta, se a entonação estava de acordo e se a mensagem estava assertiva.
Ouvir a própria voz faz parte do processo da formação do Orador. Quem quer falar bem, ser um palestrante, ter sucesso naquela apresentação – presencial ou online – precisa fazer as pazes consigo mesmo.
Imagine você pegar um microfone e quando for falar se assustar com o seu próprio timbre, na caixa de som? Esse desconforto pode comprometer todo o restante da apresentação, que apenas começou.
É natural o ser humano não gostar da própria voz. Mas, com técnicas é possível vencer esse desafio.
Minha sugestão: grave sua palestra para ouvir depois. Se ainda não é palestrante, ouça as gravações do seu WhatsApp. Acostume-se com você. É incrível como vai identificar o que melhorar na sua narração. Eliminar os vícios de linguagem, por exemplo, também é um ótimo caminho para isso.
No início vai soar estranho, depois vai perceber que tudo é uma questão apenas de autoconhecimento. Te garanto, vai cair bem aos seus ouvidos.