Por Guilherme Neves, sócio da Evermonte Executive Search.
Santa Catarina concentra 9,2% do total de empresas que atuam no setor industrial no Brasil, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os segmentos de alimentos (18%), construção (17%), serviços industriais de utilidade pública (8,7%), máquinas e materiais elétricos (6,5%) e vestuário (5,1%) representam, juntos, 55,7% da indústria do estado, cujo PIB gira em torno de R$ 95,4 bilhões – o equivalente a 4,8% do PIB industrial nacional em 2021. Expressivo, o setor industrial catarinense vem demandando profissionais de alta gestão cada vez mais preparados para exercer uma posição executiva determinante no crescimento desses indicadores: a Diretoria de Operações.
Força motriz por trás do crescimento de toda e qualquer empresa com processos fabris, a vertical de Operações Industriais é multidimensional e tem funções que variam de acordo com o tipo de negócio. Em geral, é ela quem administra aspectos relacionados à produção, qualidade, manutenção, processos, produtos, logística e gestão de recursos materiais. Em seu escopo, estão as funções de gerenciar a rotina das operações, garantir a qualidade e o cumprimento de prazos, desenhar a estratégia de novos investimentos, reduzir o desperdício, identificar gargalos nos processos e implementar métodos que suscitem melhorias no que é realizado dentro da companhia.
Um bom trabalho executado nesta área resulta no aumento natural da produtividade, entregando mais e melhor em menos tempo; na otimização do uso dos recursos materiais, financeiros e humanos e em uma maior satisfação e engajamento por parte dos colaboradores, que passam a fazer parte de um ambiente de trabalho organizado e efetivo. Assim sendo, o objetivo do executivo de Operações Industriais é, essencialmente, fazer com que a companhia atinja seu potencial máximo.
Frequentemente percebido como braço direito do CEO, o Chief Operating Officer (COO) ou Diretor de Operações tem como responsabilidade participar ativamente do desenho e execução do plano estratégico industrial da organização. Interessante notar que, de certa forma, esses cargos se complementam, dentro de uma lógica comparativa – o que, por si só, acaba por evidenciar tamanha importância da posição no organograma organizacional. Enquanto o CEO atua no planejamento de longo prazo e na estratégia da companhia, o COO se dedica ao planejamento das operações diárias e à implementação dessa estratégia. Um atua com foco externo, o outro com foco interno.
Para dar conta do escopo da função, é necessário que o COO seja uma pessoa fundamentalmente dinâmica, proativa, focada em resultados e com espírito de liderança. Agilidade e flexibilidade também são cruciais, já que cabe à Diretoria de Operações a tomada de decisões assertivas em cenários de pressão intensa – decisões que, vale destacar, afetam diretamente a produção e os serviços realizados, além da própria rentabilidade da empresa. A posição ainda demanda a habilidade de construir relacionamentos sólidos e interdisciplinares, uma vez que seu trabalho inclui gerir diferentes setores e suscitar um sentimento de sinergia entre os processos.
Outras habilidades inerentes aos COOs são poder de influência e comunicação assertiva, já que, em geral, o COO é quem possui o maior headcount entre seus pares C-level; conhecimento de todas etapas e práticas do negócio, para que ele consiga ter propriedade e autoridade dentro do espaço; além de um grau de criatividade e curiosidade, para constantemente procurar e implementar melhores práticas e tecnologias industriais. Quanto mais os executivos da vertical de Operações corresponderem a este perfil, mais a indústria catarinense terá possibilidade de ampliar o seu potencial de crescimento e geração de valor.