Por Victor Dellorto, CEO e fundador da Deskfy.
O uso de ferramentas no marketing sempre esteve associado à otimização. Afinal, quem não deseja ter um facilitador para organizar a rotina e elevar os resultados? Esse parece ser um sonho em comum entre muitas empresas com times de marketing atuantes, pois é o que percebemos na última edição do The CMO Survey.
Segundo a pesquisa, 75% das empresas entrevistadas contrataram algum tipo de tecnologia de marketing (martech) e estão destinando uma parcela considerável do orçamento para essa área, aproximadamente 19,9% em 2023. A expectativa é que esse percentual aumente em 55% nos próximos cinco anos.
Apesar do investimento contínuo, os estudos apontam uma queda na utilização das ferramentas. Embora haja mais de 10 mil ferramentas de marketing no mercado, há um preocupante gap na taxa de uso: pesquisas revelam que apenas 56% de todas as ferramentas adquiridas são efetivamente utilizadas no dia a dia.
Por que algumas ferramentas estão nas gavetas?
Enquanto alguns especialistas apostam na educação de mercado como um fator significativo, minha experiência trabalhando com times de marketing de médias e grandes marcas me faz enxergar para além da ponta do iceberg quando o assunto é aplicabilidade dessas ferramentas.
O cerne do problema está no uso de ferramentas genéricas. Para explicar esse termo, é importante contextualizar que o marketing frequentemente adota soluções e metodologias originalmente desenvolvidas para outras áreas. Essas ferramentas acabam sendo adaptadas e integradas à rotina, mas, por não terem sido desenvolvidas especificamente para o marketing, são incapazes de solucionar as principais necessidades de forma eficaz.
Na busca pela otimização, dezenas de tecnologias são implementadas e, na prática, as equipes precisam lidar com inúmeras demandas emergenciais enquanto administram as diversas ferramentas de edição de imagem online, gestão de tarefas – Trello, Asana, Monday, ClickUp. Uma gestão desorganizada, pulverizada e descentralizada com softwares que, na maioria das vezes, não se comunicam entre si.
Além desse caos, as equipes ainda lidam com o alto índice de refação. A média de retrabalho no mercado é de quase 50%, segundo o Censo Agências, enquanto uma empresa que utiliza uma plataforma especializada apresenta somente 6% de alterações nas tarefas. Esses números destacam a disparidade entre soluções genéricas e especializadas e demonstram a necessidade de repensar a forma de trabalhar, capacitando o marketing a atingir seu máximo potencial.
Portanto, é melhor investir apenas em uma única solução especializada, que possa centralizar os processos, otimizar a rotina e resolver as principais dores do marketing, do que alocar uma parte significativa do orçamento em ferramentas genéricas que serão engavetadas devido à sua ineficácia.