Por Rodrigo Alves, diretor-geral da UniSul.
O avanço das tecnologias, a globalização, as mudanças climáticas e outros desafios socioeconômicos estão afetando o mercado de trabalho. Há uma necessidade de produzir conhecimento e inovar de forma ágil e eficaz.
Nos últimos anos, observamos uma mudança profunda nas empresas, e na maneira como elas operam, a cada dia termos como transformação digital, ESG, e novos mercados vão invadindo o dia a dia das empresas e clamando por mão de obra especializada. Enquanto, isso, nos laboratórios e salas de aula da universidade, estudantes criativos e motivados desenvolvem pesquisas científicas para otimizar processos, melhorar a qualidade de vida da população e gerar diversos benefícios à sociedade.
É um desafio promover uma conexão que seja positiva tanto para o mercado quanto para os profissionais. Há alguns anos, na UniSul, temos buscado formas eficientes de promover a colaboração entre as empresas e a academia. Apostamos em um modelo de ensino próprio, com cursos In Company personalizados em trilhas de formação para capacitação, treinamento e desenvolvimento de pessoas.
Esse formato permite aproximar as companhias que buscam na universidade soluções, testadas com metodologias rigorosas e projetadas com olhar inovador característico do conhecimento científico. Com isso, muitos estudantes têm uma experiência prática que contribui para uma formação completa, que os diferenciarão no mercado de trabalho.
Os cursos livres, as especializações lato sensu e o Ensino Corporativo contribuem para aumentar o número de talentos qualificados. É uma preocupação necessária diante de uma escassez global apontada por 80% das empresas em uma pesquisa do Manpower Group em 2024.
A falta de conexão universidade e mercado pode custar caro. Algumas empresas entenderam a necessidade de aumentar sua base de talentos, e vem daí a explosão de universidades corporativas, que, apesar de úteis, não possuem a qualidade e abrangência do Ensino Superior, além de gerar custos significativos para a companhia.
As universidades corporativas podem representar parte de uma solução, apesar de possuírem foco limitado e imediato. Porém, esse modelo não é sustentável a longo prazo e dificulta a inovação, pois não traz previsibilidade, além disso, restringe-se ao contexto das empresas. Por outro lado, o conhecimento gerado na universidade está sempre em movimento, promovendo trocas em congressos nacionais e internacionais, com pensamento voltado para o futuro.
É urgente construirmos pontes entre as universidades e as empresas. Durante o curso, por que não proporcionar aos alunos a oportunidade de conhecerem a cultura das empresas? Um bom exemplo disso são as trilhas de conhecimento, aplicadas de forma extracurricular.
Na UniSul, temos um exemplo prático em andamento com o Sistema Unimed. Ao entrar no mercado de trabalho, muitos profissionais têm dificuldade em compreender a cultura de cooperativismo, desconhecem o conceito. Nessa proposta, a universidade pode, e deve, adaptar-se para incluir trilhas específicas que permitam aos alunos aprenderem sobre cooperativismo. Os estudantes podem ter contato com a empresa, assistir palestras e participar de projetos desafiadores, trazendo ganhos para o mercado e para o aprendizado.
Os benefícios são melhoria da produtividade e da competitividade da instituição, além de aumentar a retenção de talentos, uma vez que os profissionais saem da universidade conhecendo sua cultura. Além disso, o modelo contribui para preparar as empresas para desafios do futuro.
Para uma integração eficiente entre universidades e empresas, é necessário um esforço conjunto. As universidades precisam trabalhar em colaboração com o mercado, enquanto as empresas devem investir no desenvolvimento de talentos dentro das instituições de ensino. É dessa forma que conseguiremos formar ainda mais talentos e criar um mercado de trabalho mais dinâmico e preparado para os desafios do futuro.