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O cooperativismo como primeiro escalão de governo

Foto: Gabriel Richartz/divulgação

Vem de Alagoas um exemplo que merece ser observado com atenção pelos gestores públicos do país. O governo estadual criou a Secretaria Executiva de Cooperativismo, Associativismo e Economia Solidária com a missão de fortalecer as cooperativas, incentivando um setor que espalha oportunidades para 120 mil cooperados e gera 6 mil empregos para os alagoanos. Hoje são 215 cooperativas em 59 municípios. A secretaria trabalha para estimular a criação de novas e consolidar as que já existem. 

Os números do mais recente Anuário Coop publicado pela Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) são indiscutíveis. Municípios que contam com a presença de cooperativas apresentam um aumento de 28,4 empregos a cada 10 mil habitantes. As coops ainda aceleram o empreendedorismo: cidades que têm cooperativas exibem um acréscimo de quase 15 estabelecimentos por mil habitantes.

Nenhuma outra forma de organização distribui tanto benefício e de forma tão justa à economia de um lugar como o cooperativismo.  Em julho, estive em Maceió e acompanhei de perto o trabalho pioneiro do secretário Adalberon Sá Junior para transformar a Secretaria de Cooperativismo em legado do atual governo. Boas políticas públicas são essenciais para direcionar o desenvolvimento de um país, estado ou município. É definir com inteligência e estratégia onde os recursos públicos devem ser alocados para dar maior retorno à população. 

Não se trata de intervir na economia, pelo contrário. Ao mapear o cooperativismo como um motor de vantagens competitivas para Alagoas, o governo ajuda a reforçar o modelo, estimulando as pessoas a se organizarem em cooperativas, e colhe os frutos lá na frente sob a forma de mais desenvolvimento. É aquela velha história de ensinar a pescar em vez de dar o peixe.

E os resultados já começam a aparecer por lá. Uma pós-graduação criada pela secretaria em parceria com a Universidade Estadual de Alagoas está formando os primeiros 40 alunos em Gestão de Cooperativas. Em convênio com o Instituto Federal de Alagoas, mais de 200 jovens já passaram por cursos de qualificação em cooperativismo, isso em todo o Estado. Nas escolas estaduais mentores estão sendo selecionados para ensinar o tema aos alunos do Ensino Médio.

E tem mais: através de uma chamada pública, 23 cooperativas do setor agrícola passaram a abastecer as escolas da rede estadual no ano passado, iniciativa que está sendo renovada e ampliada. A chamada deste ano já selecionou 41 cooperativas.

Rodadas de negócios ajudam as cooperativas a fechar contratos. Uma delas aproximou as cooperativas das empresas que fornecem alimentos para o sistema prisional, hospitais, UPAs, restaurantes populares e unidades de internação para menores. Neste mês de agosto, uma nova rodada apresentará a 300 dirigentes de hotéis, pousadas, bares e restaurantes as cooperativas alagoanas de agricultura, reciclagem, artesanato e turismo de base comunitária.

E o recém-criado Observatório do Cooperativismo fará o raio-x do setor em todo o Estado para embasar os próximos projetos. O estudo em parceria com universidades locais começou a mapear não apenas os números, mas os impactos socioeconômicos do cooperativismo na vida dos alagoanos.

A minha paixão pelo cooperativismo me faz acreditar que o exemplo de Alagoas tem tudo para inspirar outras iniciativas na mesma direção em todo o país, por parte de prefeituras, governos estaduais e do próprio governo federal. Afinal, uma ideia que surgiu há 180 anos e se mantém eficiente e produtiva, distribuindo riqueza ao invés de concentrá-la, precisa entrar no radar dos gestores públicos.

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CEO de cooperativa de crédito, autor de livros sobre cooperativismo e Influenciador Coop do Sistema OCB.

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