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5 perguntas sobre o ESG na construção civil para André Chaves, da Falconi

Foto: divulgação.

A adoção de práticas de ESG vem se tornando uma realidade cada vez mais comum entre as grandes empresas da construção civil, com reflexos tanto em sua reputação corporativa quanto na implementação de soluções e abordagens inovadoras nos negócios.

André Chaves, vice-presidente da Falconi, consultoria de gestão empresarial que usa tecnologia de ponta e inteligência de dados para acelerar a geração de valor sustentável para seus clientes, fala sobre boas práticas e dicas para o setor e o futuro da construção civil alinhada ao ESG. Confira abaixo:

1- Que tipos de práticas básicas o setor pode adotar para seguir no conceito do ESG?

Considerando os principais pilares do ESG, algumas práticas merecem destaque: em governança, o aprimoramento dos modelos de gestão com ênfase em controle de resultados finais, prazo e custo, permite a criação de conselhos de administração, melhoria nos processos de suprimentos e práticas robustas anticorrupção. No quesito ambiental, há a melhoria dos projetos buscando uma arquitetura sustentável que, por exemplo, priorize a luz natural, incorpore o reuso de água, chuva e energia solar, além de métodos construtivos que reduzam o consumo de água e a geração de resíduos nos canteiros. Em relação ao impacto social, a construção emprega uma grande população que vem de origens mais simples, portanto, buscando uma remuneração justa, capacitação dos profissionais em seus ofícios (da obra e em futuras funções), além de suporte com educação básica e sócio-emocional.

2- No geral, as empresas do setor tem se preocupado com o tema? Qual sua avaliação?

Percebo, em minhas interações com os executivos do setor, que o ESG vem ganhando tração, embora com graus de maturidade muito distintos em relação à compreensão do tema. Por exemplo, no quesito ambiental o setor está habituado com os requisitos e licenças, tendo avanços em projetos mais sustentáveis. Ainda assim, há muito o que progredir em temas relacionados aos canteiros limpos e a gestão de resíduos. Na questão social, até mesmo pela origem dos profissionais tipicamente empregados, há uma tendência ao assistencialismo, mas o setor ainda peca em pautas ligadas à diversidade e inclusão.

3- Quais os maiores impactos socioambientais atuais causados pelo setor?

Segundo dados do IBGE de 2019, a construção civil empregava à época cerca de 6% da população economicamente ativa. Ou seja, o desempenho do segmento tem enorme impacto na geração de emprego, em especial para a população de menor renda, visto que os requisitos educacionais e de experiência prévia tendem a ser menores do que outras opções de ocupação. Desta maneira, é comum que muitos trabalhadores, especialmente aqueles com baixa qualificação, entrem no mercado de trabalho neste setor. O setor de construção é dinâmico, crescente e tem o potencial de ser o caminho para a prosperidade econômica de muitas famílias, na medida em que oferece uma porta de entrada ao mercado de trabalho. Todavia, na medida em que capacita os profissionais em diversos métodos e ofícios, gerando acúmulo de conhecimento e abrindo oportunidades futuras em outras carreiras. Outro aspecto relevante é o fato de que, dado o elevado déficit habitacional brasileiro, a expansão de moradias populares, como a que se busca obter com o programa Minha Casa Minha Vida, pode gerar uma melhoria expressiva de qualidade de vida para milhares de famílias, em especial aquelas em situações de vulnerabilidade.

4- Como a gestão de uma empresa do setor pode melhorar os indicadores e cumprir com metas de ESG?

O primeiro passo é a decisão de colocar a agenda ESG como uma pauta estratégica das empresas e, em função da sua posição específica na cadeia, buscar incorporar elementos na sua gestão e nos seus processos que alavanquem a sua contribuição e impacto de maneira mais direta. Uma empresa de arquitetura pode medir qual percentual de seus projetos incorpora elementos de sustentabilidade no seu conceito de produto (por exemplo, na previsão para geração de energia fotovoltaica). Já uma construtora pode aprimorar seus métodos construtivos e medir a redução de rejeitos gerados no canteiro, ou a redução do volume de água consumido por metro quadrado de obra.

5- Qual/quais suas sugestões para uma construção civil cada vez mais ESG no futuro?

É preciso buscar a boa gestão, além da transparência e da ética nos negócios, que incorpore desde o conceito, passando pela obra e culminando na operação, ou uso dos empreendimentos, os elementos que visem reduzir o impacto ambiental (novas tecnologias, novos materiais, etc.) e que assuma o seu papel de transformação social, gerando empregos e renda, mas, ainda mais importante, capacitação para uma fatia enorme da população.

Ele é um dos palestrantes confirmados no Construsummit, que acontece nesta semana, dias 4 e 5 de setembro, em Florianópolis.

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Fundadora do Economia SC/SP/PR, 4 vezes TOP 10 Imprensa do Startup Awards e TOP 50 dos + Admirados da Imprensa em Economia, Negócios e Finanças 2023.

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