Por Roberto Vilela, consultor empresarial e estrategista de negócios.
Vivemos em uma sociedade que, paradoxalmente, anseia por ser tratada de maneira exclusiva, mas segue um comportamento de massa, onde o “copia e cola” domina. Enquanto querem ser percebidos como indivíduos únicos, no dia a dia replicam roupas, atitudes e publicações, sempre seguindo as tendências que observam. A busca pela autenticidade parece estar em contradição com a prática constante de copiar modelos que, muitas vezes, não refletem quem se é realmente.
Essa situação gera uma sensação estranha. Indivíduos e empresas adotam comportamentos apenas porque estão em alta, mesmo que não estejam alinhados com sua identidade ou valores. O que acontece é que, ao seguir essas tendências passageiras, muitos acabam perdendo consistência. A cada semana, algo novo se torna “o certo”, e o que era moda ontem pode ser rejeitado amanhã. Essa volatilidade cria uma falta de coerência e uma desconexão entre a imagem projetada e o que de fato se é.
A mudança é parte natural da vida e dos negócios, mas o problema surge quando essas mudanças são constantes e não fazem sentido para a identidade da pessoa ou da empresa. Uma marca ou um executivo que muda constantemente suas diretrizes pode acabar perdendo a conexão com seu público, dificultando a construção de uma relação sólida e de confiança.
No cenário corporativo, isso pode ser particularmente nocivo. Empresas que mudam frequentemente sua abordagem ou sua imagem acabam parecendo incoerentes, o que pode prejudicar a credibilidade construída ao longo do tempo.
Ações com influenciadores digitais, por exemplo, é uma estratégia que funciona bem quando está alinhada aos valores da marca. Inclusive, o Brasil é um dos países em que mais os consumidores são influenciados por figuras famosas na internet, e essa realidade não pode ser ignorada. No entanto, inserir essas figuras apenas para surfar na onda de popularidade momentânea pode ser um tiro no pé, se não houver uma verdadeira sinergia entre a empresa e o influenciador.
Portanto, é preciso cautela. Esse ciclo interminável de copiar e colar vai na contramão do que desejamos: sermos tratados de forma ímpar. A autenticidade é o que realmente pode nos diferenciar em um mundo saturado de mesmice. Empresas e indivíduos que se arriscam a fazer suas próprias escolhas, em vez de simplesmente seguir as tendências, têm mais chances de construir algo consistente, valioso e memorável.
Em última análise, ser autêntico é um ato de coragem. Requer enfrentar a pressão das tendências e a tentação de buscar atalhos rápidos para o sucesso. Mas, ao apostar na autenticidade, estamos construindo uma marca, uma identidade e uma reputação que ressoam profundamente com aqueles que realmente importam.