Por Carlos Valle, diretor-executivo de tecnologia e desenvolvimento da Senior Sistemas, pioneira no uso de IA Generativa em soluções de gestão no Brasil.
A Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa) desponta como uma das inovações de maior impacto e rápida adoção no cenário mundial. Desde o seu ‘boom’, com o lançamento do ChatGPT em novembro de 2022, o mercado se vê imerso por sua capacidade de transformação. O que torna essa tecnologia ainda mais relevante é a velocidade com que se popularizou: em apenas dois meses, alcançou mais de 100 milhões de usuários, mais rápido do que qualquer tecnologia anterior – segundo relatório do banco suíço UBS com dados da Similarweb. Agora, em fase de consolidação, o foco está em avançar no seu uso como parte ativa da estratégia para empresas líderes em seus segmentos.
Um estudo recente liderado pela Gartner aponta que, embora cerca de 25% das empresas estejam utilizando IA, a grande maioria ainda utiliza apenas poucas áreas com grande concentração em atendimento ao cliente e marketing. O grande diferencial virá quando essas empresas passarem a aplicar a tecnologia em áreas estratégicas. C-levels de todo o mundo já começaram a entender este recado, tornando o tema pauta constante nas reuniões e nos conselhos administrativos.
A IA Generativa está transformando a forma como trabalhamos e ela já provou sua eficiência em tarefas como geração de conteúdo, automação de processos e criação de resumos. Mas o verdadeiro potencial dela está em sua capacidade de impulsionar a produtividade e, empresas que estão adotando a IA Generativa, mesmo que ainda em fases experimentais, já percebem seu impacto positivo quando a utilizam da maneira certa.
Na Senior Sistemas, desde 2015 a IA se faz presente em nossas soluções e com a IA Generativa isso não é diferente – hoje, toda nova solução da Senior já nasce com a tecnologia embarcada. E isso é feito entendendo que a IA Generativa não é uma substituta para os profissionais, mas uma aceleradora de processos e parceira de negócios que melhora a eficiência das empresas.
Um bom exemplo vem da indústria: com a IA olhando os processos de uma fábrica, a tecnologia consegue gerar insights precisos que, se aplicados, tendem a otimizar a operação. Outro referencial: num processo de contratação de colaborador – e aqui eu já vou para outra área, que é o RH – a gente já consegue deixar a IA validar documentos que são enviados pelo candidato. Pense na redução de tempo que se tem nos trâmites de contratação, sem a necessidade de reunir e analisar uma papelada de documentos. Assim, os gestores podem se concentrar em atividades mais estratégicas.
E isso é valido para tudo: onde a IA pode atuar, a gente ganha agilidade e traz o colaborador pra funções-chave, onde a inteligência humana é – e sempre será – insubstituível.
Pioneirismo
Na Senior, fomos a primeira empresa a integrar IA Generativa em softwares de gestão no Brasil. Lançamos o IA Assist em março de 2023, menos de cinco meses após o surgimento do ChatGPT. Hoje aplicamos IA Generativa em diferentes sistemas, como ERPs e soluções de Logística e RH.
Nossa experiência e dados de mercado mostram que as empresas que investem cedo nessa tecnologia conquistam uma vantagem competitiva. Um dado interessante vem do setor de gestão de pessoas através do ‘Human Capital Management Solutions Brazilian Report’, publicado pela MIT Sloan Management Review Brasil. Segundo o estudo, aproximadamente 67,5% dos gestores brasileiros apontam o fortalecimento da visão estratégica como o principal benefício dessas soluções. Além disso, cerca de 75% dos respondentes da pesquisa classificam a IA como prioritária em termos de necessidade para gerar valor.
A IA Generativa é acessível a todos e oferece uma interface intuitiva, facilitando seu uso desde as pequenas empresas até grandes corporações. No entanto, mais do que simplesmente adotar a tecnologia, é necessário entender como ela pode transformar seu segmento de mercado e avaliar o impacto no seu modelo de negócios, visando manter sua capacidade de adaptação e um crescimento sustentável.
O Brasil está se movimentando para acompanhar essa evolução tecnológica. Recentemente, vimos players globais adquirindo empresas brasileiras de tecnologia, o que demonstra o potencial do nosso mercado. Embora os grandes modelos de IA Generativa ainda estejam concentrados em empresas americanas, como Google e OpenAI, as empresas brasileiras têm a oportunidade de customizar esses modelos fundacionais, adaptando-os às suas necessidades e criando soluções inovadoras – como ocorre com o portfólio da Senior Sistemas.
A IA Generativa no Brasil está só no começo, mas já podemos afirmar que ela será um divisor de águas para muitas indústrias e um dos fatores determinantes para as companhias que desejam ser ou querem se manter líderes de mercado.
Entusiasmo versus cautela
Há um sentimento de entusiasmo em torno da IA, que deve ser celebrado, mas há também desafios que demandam atenção. Um deles é a carência de talentos especializados. Para extrair o valor máximo que a tecnologia pode gerar, as empresas precisam capacitar suas equipes. A formação de pessoas habilitadas para usar a IA é fundamental para quem quer ter mais produtividade e competitividade.
Outra questão importante e que demanda cautela é sobre a ética no uso de dados. Com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) em vigor, a responsabilidade das empresas no tratamento de informações sensíveis nunca foi tão crítica. Na Senior, adotamos um rigoroso controle para garantir que dados de diferentes clientes não sejam compartilhados indevidamente, por exemplo. Ou seja, a IA Generativa é uma ferramenta poderosa, mas seu uso deve ser acompanhado de medidas de segurança e estar em conformidade com a lei.
