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Por que um CEO não deve ser um Ironman?

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Foto: divulgação.

Por Leo Goldim, fundador e CEO da IT2S Group/Virtual Officer.

Há algum tempo, o mundo dos negócios começou a desenhar paralelos entre a alta performance no esporte e a alta performance no trabalho. E, claro, quando falamos de alta performance, o Ironman logo aparece na conversa.

Uma prova extrema, que desafia o corpo e a mente, onde cada quilômetro nadado, pedalado e corrido é um teste de resistência, disciplina e força de vontade.

Não à toa, muitos coaches e especialistas começaram a usar o Ironman como um exemplo de superação para executivos: uma jornada para desenvolver foco, resiliência, e, claro, resistência.

Afinal, ser CEO não é muito diferente, certo? A pressão para liderar, crescer, inovar e entregar resultados está sempre presente.

E, com tantos executivos lidando com ansiedade, burnout, pânico e depressão, a recomendação do médico é quase sempre a mesma: “Você precisa de atividade física para aliviar o estresse.” E pronto, lá está o Ironman, surgindo novamente como a “bala de prata” para todos os males da vida corporativa.

Mas… será que precisa mesmo ser triatleta para não ser estressado? É aqui que a reflexão começa.

Porque, participar de um Ironman não é só sobre o dia da prova em si. É sobre meses de preparação, e não é uma horinha de exercício por dia.

São horas e horas de treino semanal, divididas entre natação, ciclismo e corrida. Tudo isso somado às exigências do trabalho, da vida pessoal, e das responsabilidades que já estão na agenda.

Ou seja, o que parece ser a solução para o estresse pode, na verdade, acabar adicionando mais pressão à rotina de alguém que já está no limite.

Treinar para um Ironman significa abrir mão de muitas outras coisas: tempo com os amigos, momentos de lazer, programas com a família, aquele churrasco de sábado ou até um passeio despretensioso com os filhos.

Claro, você vai ouvir muita gente dizendo: “Ah, mas teus amigos de verdade vão te incentivar!” ou “quem se importa contigo só quer te ver melhor a cada dia.” Só que a pergunta que fica é: o que realmente significa ‘ser melhor’?

Será que deixar de ser “melhor” por escolher um churrasco com os amigos ao invés de pedalar 100km no sábado é algo ruim? Será que não ser “melhor” porque preferiu andar de skate com os filhos ao invés de correr 40km vai te fazer menos disciplinado?

O Ironman, sem dúvida, ensina lições poderosas. Ele desafia você a superar limites que você sequer sabia que era capaz. Mas também cobra um preço alto – e não estamos falando só do custo com os equipamentos, personal trainer, suplementos e tudo mais.

Estamos falando do tempo que ele exige, da carga emocional e mental que vem junto com isso. Há sempre a pressão da competição, a autocobrança, o medo de “não dar conta”. Ironicamente, o que deveria ser uma válvula de escape para o estresse pode acabar virando mais uma fonte dele.

Aí vem a pergunta: então quer dizer que eu não devo fazer um Ironman? E, como todo bom executivo, a resposta depende de uma análise simples: Qual é o ROI?

Se para você, o retorno vale o investimento – de tempo, esforço, sacrifícios – e se você encontra prazer nesse processo, então vá em frente. Para algumas pessoas, a rotina exaustiva de treinos, a superação pessoal, o clima de competição é, de fato, o que as move. Esse é o caminho que faz sentido para elas. E está tudo bem.

Por outro lado, se o seu objetivo é encontrar qualidade de vida, um equilíbrio entre o trabalho e o lazer, e uma atividade física que alivie o estresse, mas sem adicionar mais peso à sua rotina, talvez o Ironman não seja a melhor escolha.

Existem outras maneiras de buscar saúde e bem-estar que não envolvem competir em uma das provas mais exigentes do mundo. Caminhadas, corridas leves, yoga, ou simplesmente aproveitar momentos de descontração com a família e os amigos também são formas de cuidar de si mesmo e encontrar esse equilíbrio tão necessário.

No final das contas, a decisão é sua. Para alguns, o desafio de ser um Ironman faz sentido. Para outros, a ideia de uma vida mais tranquila, com menos cobrança e mais prazer, é o caminho ideal. O importante é entender que o Ironman não é a única rota para uma vida saudável.

O sucesso, seja nos negócios ou na vida, não precisa ser medido apenas pelo esforço extremo, o famoso “work hard”. Pode ser medido pela paz que você encontra durante a jornada.

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