Search

Resiliência no mundo corporativo: dificuldades podem tornar a empresa mais sólida

Foto: Rodrigo Ruiz

Por Cristian Mohr, CEO da Max Mohr.

A trajetória de uma empresa raramente é linear, e muitas vezes é marcada por altos e baixos inesperados. Ao longo da minha experiência no mundo corporativo, tive a oportunidade de vivenciar alguns momentos de crise, que resultaram em um enorme aprendizado, tanto pessoal quanto profissional.

Em 2013, as condições do mercado pareciam favoráveis, e linhas de crédito com juros muito baixos e longos parcelamentos apareceram como grandes oportunidades para investimentos pesados. Era uma chance de crescer e de modernizar os processos. Como uma empresa do setor da construção civil, um ramo de capital intensivo, é preciso investir pesado. Tomamos essa decisão, acreditando que a demanda continuaria forte e que o investimento seria uma via segura para o crescimento. No entanto, entre 2015 e 2018, o mercado encolheu, os custos aumentaram e os pagamentos se tornaram cada vez mais difíceis de honrar. O impacto foi grande.

A crise foi uma experiência dura, refletida em noites sem dormir, estresse e pressão. As decisões que tomamos em 2013 foram um reflexo de um cenário que parecia promissor, mas que, rapidamente, se transformou em uma armadilha. Foi um dos maiores desafios que enfrentei, e, quando foi superado, acreditei que estava pronto para assumir o comando da empresa, que é familiar.

A pandemia também foi uma prova de fogo para gestores em todo o mundo. Na Max Mohr, nossa primeira reação foi criar um comitê virtual de crise. Reunimos os principais líderes da empresa e o conselho para tomar decisões rápidas e difíceis, pois não havia tempo a perder. Conversamos com fornecedores, clientes e até cancelamos pagamentos, pois a falta de faturamento era uma realidade. Além disso, tivemos que reavaliar contratos com prestadores de serviços terceirizados, que estavam paralisados, e lidar com a pressão de não saber o que aconteceria no dia seguinte, preocupados com a segurança dos colaboradores e o impacto econômico.

Nos movimentamos junto às entidades de classe para entender os riscos e proteger tanto os trabalhadores quanto a continuidade do negócio. Fomos obrigados a adaptar nosso modelo operacional com regras rígidas de segurança sanitária. Felizmente, o setor de construção civil acabou sendo um dos primeiros a ser liberado.

Após esse período de inatividade, a adaptação ao novo normal exigiu esforço, inovação e resiliência. O processo de recuperação foi intenso, com grande procura por nossos serviços e alta demanda da construção civil em geral, que voltou com tudo. Segundo o IBGE, em 2021 o PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil cresceu 9,7%, depois de registrar queda de 6,3% em 2020.

Esses momentos de crise acabam por ser, muitas vezes, uma oportunidade para fortalecer a cultura e aprimorar a estratégia. Cada crise nos ensinou a ser mais ágeis e a tomar decisões mais assertivas. Hoje, posso afirmar com segurança que uma empresa se torna mais sólida quando aprende a superar suas dificuldades. Nem sempre é possível evitar esses momentos, é preciso enfrentá-los.

Compartilhe

Tudo sobre economia, negócios, inovação, carreiras e ESG em Santa Catarina.

Leia também