Por Artur de Castro Frischenbruder, sócio da Evermonte Executive Search.
Recentemente divulgado pela Evermonte Executive Search, o Report de Remuneração Diretoria Executiva 2025 revelou que, depois do CEO, o CFO é o segundo executivo mais bem pago nas empresas. Realizado com base em três grades distintas de faturamento – até R$ 500 milhões (35,8%), de R$ 500 milhões a R$ 2 bi (33,2%) e acima de R$ 2 bi (31%) –, o levantamento mostrou que a remuneração média total de um CFO chegou, em 2025, a R$ 1,36 milhões por ano. Ela ainda está abaixo do CEO, cuja média é de R$ 2,2 milhões, mas está acima de qualquer outro C-Level. E isso não acontece por acaso.
Também não é coincidência, aliás, que o top cinco do report – que ainda inclui CRO, diretoria de unidade de negócios e COO – seja composto por posições ligadas à liderança executiva geral, à geração de receita e à gestão estratégica de unidades de negócio, uma vez que, além da alta complexidade e responsabilidade, essas funções também estão expostas a um maior nível de risco.
Os 11 cargos executivos mais bem remunerados em 2025

Perfil estratégico do CFO
Tem sido cada vez mais comum ouvir de algumas companhias que “precisam de um CFO com perfil estratégico”. A pergunta que sempre faço é: “O que você considera um perfil estratégico?”. A resposta varia e, muitas vezes, revela que o próprio negócio ainda não entendeu o espaço que essa liderança precisa ter.
Cargos com influência indireta nos resultados, como jurídico, RH e compliance, tendem a apresentar ganhos menores em relação às posições voltadas para o crescimento e a receita. A correlação entre a influência financeira e a robustez do pacote é clara: quanto maior a contribuição direta para o resultado, maior tende a ser a remuneração total.
É por isso que a remuneração do CFO é uma das maiores do C-Level: há muitas responsabilidades intrínsecas a esse papel. O CFO precisa participar da construção de produtos, da precificação, da estratégia comercial. Precisa entender cadeia de valor, operação, funding, modelo de negócio e gente. Precisa saber onde investir, onde cortar e por quê. Não tem mais espaço para alguém que apenas “valida os números” no final da apresentação. E, claro, isso tem reflexo direto na remuneração.
Especificidades da remuneração do CFO
Em empresas de grande porte, a pesquisa da Evermonte identificou um aumento de 22% no uso de incentivos de longo prazo (ILP) para CFOs. Não é gentileza. É necessidade. Os melhores profissionais estão sendo disputados, e quem quiser atrair ou reter vai precisar entregar mais do que um bom fixo. Vai precisar oferecer escopo, ambiente decisório e impacto.
Em um cenário com juros altos, crédito restrito, mercado externo volátil e cadeias globais sendo redesenhadas, é uma boa estratégia financeira que dá sustentação – não só para o presente, mas, sobretudo, para o próximo movimento.
Há alguns dias, a Forbes publicou uma matéria destacando o impacto das novas tarifas comerciais sobre decisões estratégicas de grandes companhias. IPOs sendo postergados, revisões contratuais, adiamento de lançamentos de produtos. Tudo isso recai, direta ou indiretamente, sobre a área financeira. Se o CFO não está preparado para responder com agilidade, o negócio perde timing. E isso custa caro.
Liderança frustrada é oportunidade de mercado
Tenho acompanhado casos assim com frequência. E não é por falta de profissionais no mercado. O que está faltando, muitas vezes, é maturidade do outro lado. Se a organização ainda trata a área financeira como um centro de custo, ou como uma área de controle, o CFO fora da curva não fica. Porque ele sabe o que pode entregar – e sabe quando não vale a pena insistir. Outras companhias não estão só observando – estão prontas para receber os CFOs que desistirem de ambientes onde não há espaço para evoluir. Porque liderança frustrada vira oportunidade de mercado.