Segundo estimativas recentes, apenas 12% das cadeiras de conselho em companhias abertas no Brasil são ocupadas por mulheres, percentual ainda menor quando se consideram as conselheiras independentes, ou seja, que não são parte da família ou representantes de fundos de investimentos.
Mas, ainda que obstáculos sistêmicos continuem dificultando o acesso ao board, as mulheres estão chegando lá. E, de acordo com o estudo Women at the Top, do Evermonte Institute, isso não ocorre por uma mudança de mentalidade em relação à temática de gênero, mas sim porque as conselheiras brasileiras estão, cada vez mais, demonstrando que agregam, e muito, aos espaços de governança corporativa majoritariamente ocupados por homens.
O alto nível técnico é o primeiro diferencial que salta aos olhos quando se analisam as trajetórias de homens e mulheres em conselhos. As mulheres estudam (e muito), têm 49% mais formações do que os homens e 87% mais certificações, e chegam ao cargo com uma experiência profissional maior e mais diversificada. Ao chegarem ao conselho, somam, em média, 16 experiências, 13,6% a mais do que os homens, com passagens relevantes por cargos C-level.
“Todas [referindo-se às entrevistadas] chegaram ao board após terem conquistado reconhecimento por entregas e cases de sucesso”, explica a sócia do Evermonte Institute e coordenadora do estudo, Helena Schröer.
Como avalia Alessandra Dabul, uma das conselheiras entrevistadas pela pesquisa, esse primeiro diferencial tem um papel imprescindível na chegada e na permanência das mulheres nos conselhos:
“Minha formação acadêmica foi muito importante para legitimar minha posição em determinados locais”.
Outros diferenciais
Além da preocupação com o aprendizado contínuo, que impacta diretamente o repertório técnico e a contribuição estratégica, a atuação das mulheres apresenta outros quatro diferenciais marcantes: maior empatia e escuta ativa; forte visão de longo prazo e propósito; grande habilidade de influenciar decisões de forma construtiva e foco em cultura organizacional e ESG.
As falas das entrevistadas corroboram os dados do estudo. Para Claudia Lacerda, por exemplo, é preciso ter um propósito muito claro na atuação como conselheira:
“Hoje, meu propósito é auxiliar as companhias em seus processos de crescimento e fortalecimento da governança corporativa”, destaca.
Beatriz Amary Faccio, por sua vez, ressalta a capacidade ampliada de diálogo das mulheres:
“Um dos nossos maiores diferenciais é a capacidade de ter conversas difíceis em um formato mais leve”.
Outra conselheira ouvida pelo estudo, Ana Paula Zamper, associa os diferenciais femininos às perspectivas futuras:
“A inteligência artificial está mostrando que o futuro será mais feminino, porque exige mais sensibilidade, empatia e criatividade”.
Metodologia da pesquisa
Para captar esses dados, o Evermonte Institute trabalhou em duas frentes: em uma abordagem quantitativa, analisou os perfis de 98 conselheiros (49 mulheres e 49 homens) atuantes no board de companhias de capital aberto ou organizações de grande porte no Brasil; já em um viés qualitativo, entrevistou oito conselheiras brasileiras – Alessandra Dabul (Gávea Angels e Ancham Paraná), Ana Paula Zamper (InterPlayers, Espaçolaser, Oficina Consultoria, IBEF-SP, Instituto SER+ e SAS Brasil), Andrea Mota Baril (Grupo Skala, Grupo CRM e Pravaler) Beatriz Amary Faccio (Arco Educação), Cecília Andreucci (Guararapes Painéis, Grupo Boticário e IBGC), Claudia Lacerda (CantuStore e Aliansce Sonae), Daniele Krassuski Fonseca (Futura S.P.A.) e Janete Anelli (IBGC e Petrobahia).
Sobre o Evermonte Institute
Idealizado pela Evermonte Executive Search, o Evermonte Institute concentra seus esforços em pesquisas avançadas e soluções corporativas, unindo os pilares de people analytics e market data a uma visão sistêmica e estratégica de mercado. Com esse enfoque, sua atuação concentra-se no apoio à tomada de decisões e ao desenvolvimento de práticas organizacionais que impulsionam a governança e o crescimento sustentável.
Sobre a Evermonte Executive Search
Referência em recrutamento executivo, a Evermonte tem como propósito garantir a evolução da governança corporativa por meio da identificação e da seleção de lideranças estratégicas. Com escritórios em Porto Alegre, São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Joinville, o grupo conta com uma equipe de headhunters especialistas, com vasta experiência nas áreas para as quais recrutam. Seus processos seletivos são conduzidos a partir de uma metodologia própria, que inclui a utilização de ferramentas de Inteligência Artificial, people analytics e avaliação cognitiva para garantir os melhores resultados aos seus parceiros.